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Arábia Saudita aposta em centros de desradicalização “cinco estrelas” para jihadistas

Os centros de desradicalização são uma das faces mais visíveis da promessa de Mohammed bin Salman, que prometeu livrar o mundo do terrorismo islâmico, lançando uma coligação militar antiterrorista com a ajuda de vários países de maioria muçulmana.
1 Dezembro 2017, 19h00

Piscina interior, grandes varandas e atendimento personalizado 24 horas. A Arábia Saudita está a apostar em centros de desradicalização cinco estrelas, para garantir a “cura ideológica” de extremistas islâmicos condenados pelas autoridades e impedir que estes voltem para a jihad. Um desses centros fica em Riade, na capital do país, e ali impera a reeducação de forma não coerciva.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, prometeu livrar o mundo do terrorismo islâmico, lançando uma coligação militar antiterrorista com a ajuda de vários países de maioria muçulmana. A iniciativa tem como princípio maior garantir que o extremismo “desapareça completamente da superfície da Terra” e os centros de desradicalização são uma das faces mais visíveis da promessa de Mohammed bin Salman.

“Concentramo-nos em tentar corrigir os erros [dos jihadistas que são submetidos a este tipo de programas]”, explica Yahya Abou Maghayed, diretor do centro de aconselhamento e orientação saudita em Riade. “Queremo-nos certificar de que os beneficiários se sintam como pessoas normais e que ainda têm a possibilidade de serem integrados na sociedade”.

Estes centros, que funcionam como lugares de transição entre a prisão e a liberdade, são chefiados por líderes religiosos e psicólogos, que se encarregam de acabar com a chamada “lavagem cerebral” feita pelas organizações terroristas. Aí os funcionários recusam-se a chamar os jihadistas, que vêm muitas vezes de grupos como os Talibã e a Al-Qaeda, de prisioneiros ou terroristas e tratam-os como autênticos hóspedes em hotéis de luxo.

Cada jihadista submetido a este tipo de “recuperação” tem direito a um quarto com televisão e pode caminhar livremente pelos amplos e variados espaços do centro em que está inserido, como a piscina e o terraço. Além disso, tem direito a visitas e a acompanhamento médico 24 horas por dia.

Yahya Abou Maghayed indica que desde que foi inaugurado, em 2004, o centro de reabilitação de Riade teve “em tratamento” mais de 3.300 extremistas, incluindo presos de Guantánamo, com uma “taxa de sucesso de 86%”.

“[Estes centros] funcionam como um bom exemplo de que as pessoas merecem uma segunda oportunidade”, sublinha Yahya Abou Maghayed.

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