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Arriva acredita na reposição integral dos serviços de transportes e aguarda compensações financeiras

A multinacional alemã Deutsche Bahn controla a participada portuguesa Arriva e alerta para o risco que se corre de uma nova perda de confiança dos clientes no sistema de transportes “por falta de frequência, excesso de utilização e consequências negativas imprevisíveis”.
13 Maio 2020, 07h45

A propósito das novas regras para os passageiros de transportes públicos, que entraram em vigor a 3 de maio passado, o Jornal Económico foi ouvir os responsáveis das empresas mais representativas do setor para tentar perceber como estão a implementar essas medidas, quais as alterações que vão introduzir nos seus serviços e quais os impactos que esta nova realidade terá na estrutura de custos da empresa.

Conheça as respostas a estas questões dada nesta fase de desconfinamento por José Pires da Fonseca, presidente da Arriva, participada portuguesa da multinacional alemã Deutsche Bahn, que controla no nosso país diversas empresas de transporte rodoviário de passageiros, com destaque para a TST – Transportes Sul do Tejo.

 

De que forma é que a empresa vai implementar as novas orientações impostas pelo Governo durante o Estado de Calamidade, atualmente em vigor, nomeadamente em termos de desdobramento de horários?
A TST tem vindo a implementar um conjunto de medidas com vista a manter a segurança de quem trabalha e viaja connosco, das quais podemos destacar a distribuição de máscaras, viseiras e álcool gel a todos os colaboradores e a realização de desinfeções e nebulizações nas instalações e autocarros. Adicionalmente, estamos a testar soluções, feitas à medida, de forma a isolar o habitáculo do motorista.

A obrigatoriedade de utilização de máscara por parte de todos os que viajam nos transportes públicos é uma iniciativa muito importante e que já vínhamos a aconselhar aos nossos clientes quer através de informação própria divulgada nos meios de comunicação da empresa quer através da sensibilização feita pelos nossos motoristas e agentes de fiscalização.

A TST tem vindo a efetuar vários reforços e ajustes à oferta disponibilizada no sentido de garantir a mobilidade das populações. No entanto, a retoma da economia necessitará de uma oferta mais robusta de todos os transportes públicos. Estamos, por isso, convictos que o Governo e a AML [Área Metropolitana de Lisboa] se encontram a avaliar os impactos financeiros necessários para que os operadores possam repor a totalidade da oferta que existia antes da pandemia, embora a Arriva, via TST, tenha alertado para a necessidade de repor a oferta na sua totalidade aos níveis de antes da pandemia. De facto, após o anúncio do Governo de permitir a utilização dos transportes até dois terços da sua capacidade, julgamos que não haverá outro caminho se não a reposição integral dos serviços. O regime de compensações financeiras deveria ser considerado uma vez que pela via da receita da bilheteira estaremos em dificuldades. A receita atual para maio apenas atingiu 20% da receita em meses anteriores à pandemia.

Face à imposição de disponibilizar apenas dois terços dos lugares para passageiros no atual Estado de Calamidade em vigor, está a empresa a ponderar reforçar a frequência de circulação dos respetivos meios de transportes?
A retoma da economia vai necessitar, apesar do aumento da lotação dos veículos para dois terços, que os transportes públicos reponham a sua oferta em níveis iguais ou muito próximos dos 100%, para tal é imprescindível que o Governo disponibilize verbas que permitam aos operadores colocar a oferta necessária à disposição das populações. O programa lançado em Abril de 2019 com vista à dinamização do transporte público através dos passes de valor reduzido 30 euros e 40 euros para a área metropolitana atraiu milhares de novos clientes ao serviço público de transportes. No caso da TST, o crescimento foi superior a 20% com mais de quatro milhões de validações e caso não se reforce de imediato a oferta podemos correr o risco de uma nova perda de confiança no sistema por falta de frequência, excesso de utilização e consequências negativas imprevisíveis.

A empresa está a ponderar a distribuição de máscaras aos passageiros?
Esta, na nossa opinião, não é uma medida que deva ser patrocinada pelas empresas. A população está extremamente atenta, vigilante e consciente da obrigatoriedade e da importância que a utilização da máscara representa na batalha que travamos para conter esta pandemia. Os nossos clientes têm tido um comportamento exemplar, estando munidos de máscara para viajarem, nos raros casos em que os clientes não possuíam máscara aceitaram a informação de que não podem viajar.

De que forma é que será assegurada a fiscalização das orientações?
A Arriva conta como habitualmente com o empenho e dedicação dos seus colaboradores para que se façam cumprir as orientações emanadas para a nossa atividade. Na atual conjuntura, este compromisso é ainda mais evidente pelo que os colaboradores Arriva (nomeadamente motoristas e agentes de fiscalização) são peças fundamentais na ação de sensibilização aos clientes que temos em curso e que visa alertar para a importância de cumprirem as regras em vigor sempre que viajarem nos transportes públicos. Adicionalmente contamos com a habitual colaboração das forças de segurança.

De que forma é que as medidas em vigor vão sobrecarregar os custos das empresas?
A Arriva tem vindo a implementar um conjunto de medidas com vista a manter a segurança nas suas viaturas e instalações.
O reforço da  higienização, a implementação de rigorosos protocolos de desinfeção e nebulização das viaturas e instalações,  colocação de dispensadores de álcool gel em toda a empresa, criação de kits de emergência, fornecimento de álcool gel e EPI [Euipamentos de Proteção Individual] (máscara e viseira) a todos os colaboradores e a instalação de divisórias que visam criar um elemento adicional de proteção ao motorista, são medidas que impactam financeiramente na empresa, mas deverão ser admitidas como custos de contexto e deverão ser incluídas como risco do negócio. Como no seio do Grupo Arriva a prioridade são os nossos colaboradores e clientes, então tudo fazemos para salvaguardar as condições de saúde e segurança.

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