Em setembro, a Embaixada do Reino Unido promoveu uma receção para as participantes do programa “Mulheres na Energia”, da Associação Portuguesa de Energia.

Para além de (mais) uma oportunidade para discutir os desafios e oportunidades deste setor e reforçarmos o relacionamento bilateral entre os nossos países, este evento procurou ser uma modesta contribuição para fomentar uma maior participação de mulheres neste setor, especialmente em posições de liderança e promover a discussão e partilha de experiências entre gerações.

A transição energética, fundamental para assegurarmos um futuro mais sustentável para todos, será um projeto complexo, disruptivo e longo. Há muito mais em jogo do que ‘apenas’ mudarmos as fontes de energia que utilizamos no nosso dia a dia. Normalmente, pensamos em sustentabilidade essencialmente no plano ambiental, mas a dimensão social, incluindo as questões da inclusão, e em particular a igualdade de género, são igualmente fulcrais.

Em termos de diversidade de género, o setor de energia continua a ser dominado por homens, e ainda reflete a desigualdade que infelizmente persiste noutros setores. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia e do Fórum Económico Mundial, apesar de as mulheres representarem 39% da força de trabalho mundial, no campo da energia, esse número cai para apenas 16%.  Os salários das mulheres neste setor são quase 20% mais baixos do que os dos homens, um gap bastante maior do que o verificado no resto da economia.

Apenas uma em cada cinco posições de liderança são detidas por mulheres e apenas 11% dos empreendedores e fundadores de startups de energia são mulheres, menos de metade da percentagem que encontramos noutras indústrias. No Reino Unido, apenas seis das 80 maiores empresas de energia do Reino Unido terem mulheres CEO. 21% dessas 80 empresas não têm mulheres nos seus conselhos de administração.

O Reino Unido e Portugal partilham o objetivo de apoiar uma transição energética que garanta um futuro ambiental e socialmente sustentável, assente numa lógica de igualdade e inclusão, que possa alargar a pool de talento no setor energético, potenciando a capacidade de inovação e crescimento das empresas.

Para isso, através de eventos como o que organizámos este mês e de outras iniciativas, temos de continuar a celebrar o sucesso das (poucas) mulheres que trabalham neste setor e capacitar e empoderar mais mulheres a desenvolverem as suas carreiras. O nosso futuro precisa de mais “Mulheres na Energia”!