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Atrasos de voos na Europa: 2018 já está a ser o pior ano da década

Um estudo recente da consultora PriceWaterhouseCoopers (PwC), estima que o custo económico das greves de controladores aéreos na Europa entre 2010 e 2017 se tenha cifrado em 13,4 mil milhões de euros, continuando a crescer no presente ano.
  • Cristina Bernardo
3 Dezembro 2018, 18h02

O ano de 2018 ainda não chegou ao fim e já aparenta ser um dos piores da última década para a indústria europeia da aviação devido aos atrasos provocados pelo controlo de tráfego aéreo e pelos cancelamentos de voos.

Face a este cenário negativo, a associação A4E – Airlines for Europe, que reclama ser a maior associação de companhias aéreas do velho continente, exige aos governos de cada país e  União Europeia a tomada de medidas decisivas e ações no sentido da mudança para que se proceda a uma reforma do sistema do controlo de tráfego aéreo da Europa.

Por isso, a A4E, que conta com a TAP como membro, espera que saiam decisões relevantes nesta matéria da reunião do Conselho de Ministros dos Transportes da União Europeia, que está a realizar-se hoje, dia 3 de dezembro, em Bruxelas.

“O ano de 2018 está a revelar-se como um dos piores anos de registos quanto a atrasos no controlo de tráfego aéreo e cancelamentos de voos, praticamente, da última década. O Eurocontrol [Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea] revelou que as quebras no tráfego de controlo aéreo e de pessoal conduziram a um aumento de 50% em atrasos de voos no passado mês de outubro em comparação com o período homólogo. Para todo o ano, o Eurocontrol estima que o total de minutos de atrasos de voos será superior em 53% em comparação com o ano passado, devido às greves e às quebras de capacidade (14,3 milhões de minutos em 2018 ‘versus’ 9,3 milhões de minutos em 2017)”, revela um comunicado da A4E.

A associação das companhias aéreas europeias considera que o Conselho de Ministros dos Transportes da União Europeia que está hoje a decorrer é uma oportunidade para remover os constrangimentos políticos existentes sobre esta matéria, defendendo que se deve avançar em direcção a um espaço aéreo europeu sem limitações ou protecionismos.

“Os ministros europeus dos Transportes estão a reunir-se hoje, dia 3 de dezembro. Têm uma oportunidade única para tomar medidas decisivas no interesse dos seus cidadãos e solucionar os constrangimentos que estão a contribuir para estes atrasos”, defendeu Thomas Reynaert,’ Managing Director’ da A4E, citado por um comunicado da associação.

O mesmo responsável assinala que “a crise corrente tem de ser solucionada”, acrescentando que “a União Europeia deve atuar agora para enfrentar os danos de longo prazo que estão a ser provocados nas economias europeias e à reputação da indústria de transporte aéreo”.

No entender da A4E, a solução para afastar ineficiências da gestão do espaço aéreo europeu é introduzir um ‘céu europeu’ sem limitações de qualquer espécie, caminhando para a integração dos diversos espaços aéreos nacionais num contínuo único em todo o continente europeu.

Desta forma, defende a associação, os Estados-membros da União Europeia manteriam a soberania nos seus espaços aéreos, ao mesmo tempo que poderão colaborar atravessando diversas fronteiras no sentido de facilitar a criação de um espaço europeu sem barreiras e com ligações aéreas mais eficientes do ponto de vista operacional na defesa dos interesses dos cidadãos.

Segundo a A4E, este ano, até ao momento, as companhias aéreas associadas foram forçadas a cancelar mais de cinco mil voos devido a greves de controladores aéreos, afectando cerca de 800 mil passageiros.

“Muitos mais milhões de passageiros foram afetados por atrasos de voos causados por outros problemas ao nível o controlo de tráfego aéreo, como falta de pessoal, desvios no espaço aéreo e apoios residuais”, reforça a A4E.

A associação recorda que um estudo recente da consultora PriceWaterhouseCoopers (PwC), estima que o custo económico das greves de controladores aéreos na Europa entre 2010 e 2017 se tenha cifrado em 13,4 mil milhões de euros, continuando a crescer no presente ano.

Em 2017, a Comissão Europeia divulgou dados que confirmam a magnitude do problema: desde 2005, a União Europeia foi o palco de 357 greves de controladores aéreos, dos quais 254 ocorreram em França, país que este ano presenciou um aumento de 300% das greves neste sector quando comparado com 2017.

De acordo com dados do Eurocontrol, citados pela A4E, a média de atrasos de rotas aéreas por voo em outubro passado foi de 1,22 minutos/voo, muito acima do valor médio mensal de atrasos de 0,35 minutos por voo.

Este ano, até ao momento, a média de atrasos em rota é de 1,93 minutos/voo, mais de três vezes acima do objetivo europeu de 0,5 minuto por voo.

Ainda segundo o Eurocontrol, neste ano até à data, uma média de 1.427 voos por dia tiveram um atraso em rota de, pelo menos, 15 minutos, quando os dados homólogos de 2017 esse atraso médio ocorreu em 681 voos por dia.

A A4E foi lançada em 2016 com o objectivo de defender as companhias aéreas associadas, em particular no sentido de influenciar a política europeia de aviação em benefício dos consumidores, assegurando um mercado seguro e competitivo de transporte aéreo.

As suas associadas transportam, em média, mais de 635 milhões de passageiros por ano, sendo responsáveis por 70% das viagens aéreas efetuadas no continente europeu, operando mais de 2.900 aeronaves e gerando uma receita anual superior a 110 mil milhões de euros.

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