Auschwitz. Só a referência a este nome nos deve encher de horror, pelo terror que ali se viveu. Esta semana celebraram-se os 75 anos sobre a libertação do campo pelas tropas soviéticas, situado na Polónia, que incluía outros espaços entre os quais um campo de extermínio, onde terão morrido cerca de um milhão e trezentas mil pessoas, a maioria judeus, alvo da solução final promovida pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

Um nome que, passados todos estes anos continua a simbolizar o mal e a desumanidade perpetrada por quem não respeitava nada nem ninguém – a começar pela vida humana. A desconsideração total e absoluta não terá começado com o objetivo confesso de exterminar. Mas o excesso de presos terá precipitado uma decisão letal em que, mais do que pôr em causa os judeus pôs em causa a raça humana. Sem dó, sem piedade, sem remorso, milhares de pessoas foram encaminhadas para as câmaras de gás, quando não morriam antes pela fome, doença ou experiências em nome de uma distorcida ciência exercida sobre indefesas cobaias humanas.

Nada disto é novo. Tudo isto foi milhares de vezes referido, apresentado e mais do que provado. As fotografias, os relatos, as histórias dos que a partir daquele dia de janeiro de 1945 as repetiram quando o conseguiram fazer para que tal não se repetisse, para que o horror fosse denunciado, para que os que defenderam e praticaram aqueles atos pagassem por eles, e para que assim se devolvesse dignidade ao mundo e se encerrasse um capítulo negro da história.

Não obstante, há quem negue aqueles locais e aquela prática. Claro que os que ali foram exterminados não nos podem recordar e o tempo se encarregará de fazer desaparecer os que ainda sobrevivem para contar a sua história. O extraordinário é que há quem se esforce por negar e repudiar o sucedido e até deduza argumentos para nos convencer que não foi assim e que nada comprova os atos de desumanidade ali praticados. Atitude essa que merece total condenação.

Temos a responsabilidade de manter presente este passado para retermos aquilo que não queremos que regresse. Auschwitz, os campos de extermínio, a “solução final” não foi a única atrocidade, nem será o último sopro de desumanidade. A par com outros num passado mais ou menos recente, haverá mais atos de maldade, de pessoas a serem desconsideradas na sua dignidade, no seu direito à liberdade e existência. E usar-se-ão sempre argumentos para justificar o injustificável. Por mais declarações de direitos humanos que se façam e por mais ações punitivas que se tomem, haverá sempre quem não respeite a humanidade da qual faz parte.

Em momento anterior aos campos de extermínio proclamou-se a paz, a estabilidade e também o nacionalismo pela supremacia de uma raça. A sua ação assentava num populismo que derivou para a imposição pela força dos seus ideais.

Recordar Auschwitz faz parte do nosso contributo à humanidade para que esta subsista e para que a memória não se perca em livros de história. É um recado ao futuro, uma lição onde não cabem racismo, extremismo e violência e que se podem reclamar pelo povo, como a história também registou nesse tempo, mas que acabam por se demonstrar contra a humanidade.