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Autoeuropa regressa hoje à produção com medição de temperatura através de termómetros infravermelhos e câmaras térmicas

37,2 graus centígrados é a temperatura máxima definida pela Autoeuropa. Se estiver acima, o trabalhador não entra no autocarro da empresa ou nas instalações. O uso de máscara também vai ser obrigatório durante as horas de trabalho.
27 Abril 2020, 07h45

A Autoeuropa volta hoje a produzir depois de uma paragem de quase um mês e meio provocada pela pandemia da Covid-19. Entre as medidas de mitigação do coronavírus previstas pela maior fábrica automóvel portuguesa encontram-se a medição de temperatura dos trabalhadores e o uso obrigatório de máscaras.

Os trabalhadores que se desloquem no autocarro da empresa para a fábrica vão ter a sua temperatura medida ainda antes de entrarem no autocarro. A medição será feita recorrendo a um termómetro de infravermelhos, sem contacto, para medir a febre. Se estiver acima dos 37,2 graus centígrados, não seguem viagem.

“À entrada do autocarro é feita a verificação de temperatura, se for registada temperatura superior a 37,2 graus, não prossegues viagem”, segundo o material de informação da Autoeuropa.

Já os trabalhadores que se desloquem em viatura própria vão ter a sua temperatura medida na entrada principal da fábrica, recorrendo a câmaras que fazem a leitura térmica.

“No maingate é feita a medição de temperatura através de camaras que fazem a leitura térmica à tua passagem. Se for registada temperatura superior a 37,2 graus, não é autorizada a entrada”, de acordo com a informação da Autoeuropa.

No final do turno, os trabalhadores voltam a ter a sua temperatura medida através das câmaras térmicas na entrada principal. “A medição de temperatura é feita através de câmara durante o fluxo de passagem dos colaboradores. Se for registada temperatura superior a 37,2 graus, serás encaminhado pela segurança para contactar a linha SNS”.

Comissão de Trabalhadores diz que medida está a ser aceite

Segundo o Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, a empresa contratou uma empresa que está encarregue de realizar a medição de temperatura dos trabalhadores antes de entrarem no autocarro.

De acordo com Fausto Dionísio, a empresa também comprou recentemente as câmaras que fazem as leituras da temperatura dos trabalhadores de forma a precaver possíveis contágios na fábrica.

“As pessoas entenderam perfeitamente bem e até preferem que seja vista a temperatura. Em todo o mundo, tem sido adotada esta medida”, disse o coordenador da CT ao Jornal Económico.

“A maioria dos comentários que tenho visto e com quem tenho falado, as pessoas sentem que isto é para as proteger, numa altura em que a preocupação principal é proteger a saúde das pessoas”, afirmou Fausto Dionísio.

O Governo disse no fim de semana que as empresas podem medir a temperatura aos seus trabalhadores, desde que não guardem o registo. O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considera ”que, no atual contexto de saúde pública, e concretamente no plano da proteção de dados pessoais, não se afigura inviável a medição da temperatura corporal, desde que não seja guardado qualquer registo da mesma”, defendendo que a medida serve para “prevenir contágios entre trabalhadores”.

Esta posição contraria uma orientação dada pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) a semana passada que determina que “não pode uma entidade empregadora proceder à recolha e registo da temperatura corporal dos trabalhadores ou de outra informação relativa à saúde ou a eventuais comportamentos de risco dos seus trabalhadores”.

Contactada pelo Jornal Económico, a administração da Autoeuropa não quis fazer comentários.

Uso de máscara obrigatório

Também o uso de máscara vai ser obrigatório para todos os trabalhadores durante as horas de trabalho. “Para segurança de todos, durante o período inicial é obrigatório o uso de mascara em todo o território da fábrica e dentro dos autocarros”, segundo a informação aos trabalhadores.

Antes de entrarem no autocarro, ou nas instalações da empresa, será atribuído diariamente a todos os trabalhadores duas máscaras: uma para coloca imediatamente, e outra para colocar após a pausa para refeição a meio do turno.

Autoeuropa ainda a meio gás

Apesar de voltar a produzir desde a sua paragem a 17 de março, a Autoeuropa vai estar ainda a meio gás a partir das 07h00 desta segunda-feira, 27 de abril: com apenas dois turnos diários, de seis horas cada, e durante cinco dias da semana.

No entanto, no primeiro dia, o turno vai ser ainda reduzido, “num máximo de três a quatro horas para formação, verificação do posto de trabalho, se as regras estão bem presentes”, explica Fausto Dionísio.

Do total de 5.600 trabalhadores da fábrica portuguesa da Volkswagen, apenas 2.300 regressam ao trabalho esta semana. Na próxima semana, outros 2.300 trabalhadores substituem os que realizaram o trabalho esta semana.

Os três turnos diários de oito horas, cinco dias por semana, só regressam à unidade de Palmela a partir de 11 de maio, quando a empresa estiver a operar um total de 15 turnos por semana.

A Autoeuropa só regressa a um ritmo pré-Covid-19 a partir de junho, quando regressam os turnos de fim de semana à unidade de Palmela: dois ao sábado e dois ao domingo.

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