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Banca com 11,9 mil milhões de crédito malparado no primeiro trimestre cai 15% num ano

Os bancos tinham no seu conjunto um rácio de Non-Performing Loans (crédito malparado) sobre o total da carteira de 3,6% (1,7% líquido de imparidades). Os lucros somaram mais de três mil milhões no primeiro trimestre e por isso a rentabilidade da banca melhorou para 8,4%.
  • Cristina Bernardo
30 Junho 2022, 12h55

Os dados do sistema bancário português divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal relativos ao primeiro trimestre revelam que a qualidade da carteira de crédito melhorou nos primeiros três meses do ano.

Os bancos tinham no seu conjunto um rácio de Non-Performing Loans (crédito malparado) sobre o total da carteira de 3,6% (1,7% líquido de imparidades). Em março o total da carteira de crédito em incumprimento somava 11.894 milhões de euros (valor bruto), o que, líquido de imparidades fixa-se em 5.553 milhões de euros. Estes valores comparam com o valor bruto de 12.148 milhões de crédito NPL em dezembro de 2021 e 5.772 milhões, líquido de imparidades também no fim do ano passado.

Face ao primeiro trimestre de 2021, o stock de NPL do sector bancário caiu 15,2% (era de 14.027 milhões).

O rácio de incumprimento de crédito nos empréstimos a particulares era, em março, de 2,7%. Já o rácio de malparado do crédito a empresas era de 8% no fim do primeiro trimestre.

Já o rácio de cobertura por imparidades do total dos NPL era de 53,3% em março.

O Banco de Portugal detalha que, no 1.º trimestre de 2022, “o rácio de empréstimos não produtivos bruto (NPL) diminuiu 0,1 pp, para 3,6%, refletindo a diminuição dos NPL (-2,1%)” e que “o rácio de NPL líquido de imparidades manteve-se estável em 1,7%”. Por sua vez o rácio de NPL bruto das empresas diminuiu 0,2 pp, para 8,0%. “Para esta evolução contribuíram, de forma idêntica, o aumento dos empréstimos produtivos e a redução dos NPL”, revela o supervisor da banca.

Nos particulares, o rácio de NPL diminuiu 0,1 pp, para 2,7%, devido, maioritariamente, a uma redução dos NPL, diz o comunicado do Banco de Portugal. “O rácio de cobertura dos NPL por imparidades aumentou 0,8 pp, para 53,3%, refletindo uma diminuição dos NPL superior à das imparidades acumuladas. Nas sociedades não financeiras [empresas] registou-se um aumento de 0,8 pp, para 54,0%”, segundo refere o BdP.

“Nos particulares, o rácio de cobertura aumentou para 52,6% (+1,5 pp), atingindo 34,1% (+1,4 pp) e 65,8% (+0,9 pp) nos segmentos de habitação e consumo e outros fins, respetivamente”, acrescenta o supervisor bancário.

O custo do risco de crédito diminuiu 0,22 pontos percentuais face ao período homólogo, para 0,32%.

O Banco de Portugal revela também que a banca registou uma evolução da rendibilidade e que isso “refletiu a diminuição das provisões e imparidades e, em menor grau, o aumento da margem financeira”.

A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) do sistema bancário registou uma subida significativa ao atingir 8,4% no fim de março, mais 3,4 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2021. A rentabilidade do ativo aumentou para 0,69%, mais 0,28 pontos percentuais em termos homólogos.

Na conta de resultados, destaque para os lucros do agregado do sector que em março somava 3.069 milhões de euros, muito acima dos 1.996 milhões em dezembro.

Na eficiência, o rácio de cost-to-income diminuiu 0,6 pp face ao período homólogo, situando-se em 52,0%, refletindo um aumento do produto bancário que superou o dos custos operacionais.

Os dados revelam ainda que no 1.º trimestre, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) diminuíram 0,5 pontos percentuais e 0,6 pontos percentuais, respetivamente, para 17,5% e 14,9%.

Para esta evolução contribuiu a diminuição do capital CET 1, “num quadro de manutenção da exposição total em risco”.

“O ponderador médio de risco diminuiu 0,4 pp, para 43,5%, em resultado do aumento do peso de componentes de menor risco”, segundo o relatório do BdP.

Já o rácio de alavancagem diminuiu 0,3 pp face ao trimestre anterior, para 6,7%.

O que nos diz mais o relatório do BdP? Reporta, ao nível da estrutura de balanço no trimestre de 2022, que o ativo total aumentou 1,2%. Os empréstimos a clientes e a exposição a títulos de dívida contribuíram para este aumento em 0,41 pp e 0,34 pp, respetivamente.

No que se refere à liquidez, o rácio de transformação de depósitos em crédito diminuiu 1,1 pp, para 80,1%, em resultado de um aumento de 2,1% dos depósitos de clientes, atenuado pelo aumento dos empréstimos a clientes em 0,7%.

“O peso do financiamento obtido junto de bancos centrais diminuiu 0,1 pp, via efeito denominador, passando a representar 9,2% do ativo”, refere o Banco de Portugal.

O rácio de cobertura de liquidez (LCR) situou-se em 262%, aumentando 2 pp face a dezembro de 2021. “Esta evolução deveu-se à diminuição das saídas de liquidez (6,4 pp), contrabalançada pela redução dos ativos de elevada liquidez (-4,4 pp)”, conclui a instituição liderada por Mário Centeno.

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