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Banco Central da Rússia duplica taxas de juros para 20% perante o colapso do rublo

A decisão de excluir alguns bancos russos do sistema internacional de comunicações interbancárias Swift e o congelamento de transações com o Banco Central da Rússia (BCR) atingiu o coração financeiro de Moscovo. O BCR ordenou a abertura posterior das bolsas de valores e suspendeu a venda de valores mobiliários por conta de não residentes “para garantir a proteção dos direitos e interesses legítimos dos investidores nos mercados financeiros”.
  • Reuters
28 Fevereiro 2022, 10h50

A invasão da Rússia ao território ucraniano desencadeou uma reação negativa nos mercados financeiros a nível global, mas em especial ao russo. As sanções aplicadas por vários países do ocidente fizeram com que a moeda oficial da Rússia, o rublo, depreciasse face ao dólar, caindo mais de 30% esta segunda-feira, dia 28 de fevereiro.

Para tentar conter a desvalorização, ou pelo menos atrasar, o Banco Central da Rússia duplicou as taxas de juros para 20% e impôs limites para evitar a fuga de capitais, avança o “El País”.

A decisão de excluir alguns bancos russos do sistema internacional de comunicações interbancárias Swift e o congelamento de transações com o Banco Central da Rússia (BCR) atingiu o coração financeiro de Moscovo. O BCR ordenou a abertura posterior das bolsas de valores e suspendeu a venda de valores mobiliários por conta de não residentes “para garantir a proteção dos direitos e interesses legítimos dos investidores nos mercados financeiros”.

Assim que as operações começaram, depois das 10h, a moeda russa depreciou de 93 para 100 rublos por euro e de 83 para 90 rublos por dólar.

O BCR elevou as taxas de juros de 9,5% para 20%, medida justificada para “garantir que o aumento que as taxas de depósito compensem os riscos de depreciação e inflação. Isso conterá a estabilidade das finanças e dos preços e protegerá as economias dos cidadãos da desvalorização”, explicou a instituição em comunicado.

Pouco depois das 09h00, hora local, o rublo depreciou 28,34% em relação ao dólar, cuja taxa de câmbio ficou em 107,48 dólares por rublo. A moeda russa, por sua vez, caiu 27,02%, para 119,8 euros por rublo. No caso do dólar, esta é uma queda recorde desde pelo menos 1993 e no caso do euro é a maior queda desde pelo menos 1994.

A desvalorização da moeda russa começou na última quinta-feira quando foi iniciada a ofensiva militar pela Rússia na Ucrânia. Nesse dia, a bolsa de valores de Moscovo caiu mais de 33%.

A imprensa russa informa hoje que o BCR decidiu também proibir corretores de vender títulos de empresas a indivíduos estrangeiros. O Banco da Rússia também tomou medidas para garantir a estabilidade financeira dos bancos sancionados, como a libertação de reservas de capital acumuladas no valor de 733 mil milhões de rublos (6,2 mil milhões de euros) para empréstimos ao consumidor e hipotecas. Além disso, hoje tem início a retoma da compra de ouro no mercado nacional, conforme anunciado no domingo pelas autoridades russas.

O BCR tem usado várias contramedidas face às múltiplas sanções de que tem sido alvo. Entre outros, interveio nos mercados ao vender moeda estrangeira por mais de 84 mil milhões de rublos e permitiu que entidades russas usassem, sem restrições, as dotações de capital que deveriam ser fornecidas ao conceder empréstimos ao consumidor e hipotecas sem garantia. De acordo com a Interfax, essas “almofadas” totalizam cerca de 733 mil milhões de rublos (seis mil milhões de euros).

O anúncio das sanções levou as agências de classificação de crédito a colocar a qualidade da dívida russa no nível de junk bonds. A Standard & Poor’s cortou o rating da Rússia de -BBB para -BB na sexta-feira, o que significa que a Rússia terá que pagar um prémio de risco mais alto para financiamento no exterior.

De qualquer forma, essa é a menor das preocupações do Kremlin. Os norte-americanos foram impedidos de comprar novos títulos em dólares russos desde a anexação da Crimeia em 2014 e a dívida pública da Rússia é de apenas cerca de 18% do seu produto interno bruto, segundo dados do Statista.

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