Banco de Inglaterra não deve precisar de taxas negativas, mas não fecha a porta

O banco central liderado por Andrew Bailey abriu a porta a taxas de juro abaixo de 0%, mas a opção deverá ficar na “caixa de ferremantas” na reunião de hoje, apesar de um debate alargado sobre o assunto. As perspectivas económicas estão um bocado mais positiva, com a vacinação e a queda no número de casos, e portanto reduzem a necessidade de mais estímulos.

Fachada do Banco de Inglaterra | Luke MacGregor/Reuters

O Bank of England (BoE) deverá esta quinta-feira manter a política monetária inalterada, nomeadamente a taxa de juros e o programa de compra de ativos, mas a reunião do Comité de Política Monetária não é desprovida de interesse, pois os membro deverão discutir uma questão que tem dominado a agenda do banco central: a possibilidade de colocar a taxa diretora em terreno negativo pela primeira vez num historial de 327 anos.

A taxa diretora, bank of england rate, deverá ficar em 0,1%, mas os analistas esperam que a discussão sobre a taxa negativa seja um dos principais temas da reunião, depois de o banco central ter aberto a porta a esse cenário em agosto passado.

Nesse altura, o governador Andrew Bailey referiu que o BoE não tem ainda planos para usar as taxas negativa mas admitiu que, pela primeira, “estão na caixa de ferramentas”.

Rhys Herbert, economista do Llyods Bank espera que o BoE ofereça uma atualização sobre as recentes discussões com os bancos sobre a viabilidade de um corte na taxa de juros para abaixo de 0%.

“Discursos recentes de vários membros sugerem que o CPM pode estar dividido quanto à sua eficácia potencial. Alguns membros externos veem como uma ferramenta eficaz para impulsionar a economia, enquanto Bailey e alguns dos outros membros internos estõa aparentemente mais preocupados com os potenciais efeitos negativos no setor financeiro”, explicou.

Mesmo se o relatório concluir que um movimento para abaixo de 0% é tecnicamente possível, é provável que
destaque que o sistema financeiro precisará  de tempo para se preparar para a mudança, adiantou.

Os analistas do ING afirmaram que “é agora amplamente esperado que os decisores evitem mergulhar nas taxas de juros negativas este mês”, adiantando que “na verdade, achamos improvável que façam isso neste ciclo”.

O outro principal motivo de interesse na reunião são as novas projeções económicas.

“As perspectivas estão melhores e esperamos que as novas porojeções do banco continuem a sinalizar uma recuperação económica completa perto do final do ano, embora com algumas inevitáveis reduções do crescimento este trimestre”, disseram os analistas do ING.

“Somos um pouco mais cautelosos – esperamos que a combinação de maior desemprego e interrupção contínua relacionada com o Brexit impeça um retorno total aos níveis pré-vírus por pelo menos mais 18 meses”

“Mas a conclusão é a mesma, com o plano de vacinação a correr bem e o número de casos a cair rapidamente, há uma boa hipótese de que a economia registe uma recuperação rápido na atividade a meio do ano, o que, por sua vez, reduz a pressão para injetar estímulos adicionais”, concluíram.

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As taxas de juro mantiveram-se inalteradas, sendo que a taxa aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas aplicáveis à facilidade de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecem em 0%, 0,25% e -0,5%, respectivamente.
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