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Banco de Portugal aponta saldo negativo na balança de bens e serviços e revê em baixa PIB para 2020

Boletim Económico de Junho aponta para que balança de bens e serviços já seja negativo este ano, ao contrário do que constava das previsões anteriores do banco central. Procura interna continuará a ser motor do crescimento económico.
12 Junho 2019, 13h00

O Boletim Económico de junho do Banco de Portugal, divulgado nesta quarta-feira, aponta para um saldo negativo da balança de bens e serviços já a partir deste ano e revê em baixa a previsão do crescimento do produto interno bruto em 2020 em 0,1 pontos percentuais, descendo-o para 1,6%. Ainda assim, o banco central manteve inalteradas as previsões para 2019 (1,7%) e para 2021 (1,6%) que constavam do boletim de março, salientando a continuação do processo de expansão da economia nacional.

A ligeira revisão em baixa desse indicador, justificada pelo enquadramento internacional, não impedirá que Portugal mantenha um “processo muito gradual” de convergência com a zona euro, ainda que o PIB per capita português deva ficar, segundo o Banco de Portugal, em 60% da média nesse conjunto de países.

O maior ritmo de crescimento das importações em relação ao das exportações (8,0% contra 4,5% em 2019, 4,3% contra 3,1% em 2020 e 4,4% contra 3,4% em 2021) conduzirá, segundo as últimas previsões do Banco de Portugal, a que a balança corrente e de serviços volte a ser negativa já neste ano (em vez do saldo positivo de 0,2% avançado em março, o boletim de junho aponta para 0,5% negativos), agravando-se esse saldo em 2020 (-o,7%) e 2021 (-1,1%).

Ainda assim, a balança corrente e de capital continuará positiva (0,1% do PIB em 2019, 0,2% em 2020 e em 2021), devido às transferências da União Europeia e à redução de encargos com a dívida pública.

O Banco de Portugal reviu ligeiramente em alta as previsões de crescimento do consumo privado em 2020 (de 2,0% para 1,9%) e em 2021 (de 1,7% para 1,6%), embora também tenha descido num ponto percentual o valor esperado para este ano (de 2,7% para 2,6%).

A procura interna continuará a manter-se, ao longo de todo o período analisado (2019-2021), como o principal factor para a expansão da atividade económica, superando o contributo das exportações, o que se traduzirá num saldo negativo da balança de bens e serviços. Terá sido mesmo a expectativa de redução no crescimento das exportações (de 3,7% no boletim de março passa-se para 3,1% no boletim de junho) um dos fatores determinantes numa revisão em baixa do crescimento do PIB esperado em 2020, refletindo a maturação do ciclo económico e os constrangimentos estruturais da economia portuguesa.

O Banco de Portugal alerta, no Boletim Económico de junho, que “afigura-se essencial a criação de condições que promovam o aumento a produtividade, através de uma melhor afetação de recursos, do bom funcionamento dos mercados do produto e de trabalho, da aposta no capital humano e na inovação, e a adoção de medidas para mitigar o impacto adverso da evolução demográfica”.

Ainda segundo o banco central, “só com o aumento do potencial de crescimento da economia será possível a aproximação aos níveis de rendimento médios europeus e assegurar a manutenção de um perfil ascendente do consumo privado e uma maior acumulação de capital, sem comprometer a necessária redução do endividamento dos vários setores da economia”.

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