O Banco de Portugal (BdP) projeta que o PIB cresça 6,3% este ano, de acordo com o Boletim Económico revelado esta quarta-feira, revendo assim em alta a previsão feita em março que apontava para 4,9%.
O banco explica que a melhoria da previsão se explica por um efeito de carry-over de 2021, ou seja, dado o impacto este ano do crescimento registado no ano anterior, mas também pelo forte avanço do PIB no primeiro trimestre. Segundo a estimativa do BdP, o primeiro efeito contabiliza 3,7 pontos percentuais (p.p.) do crescimento no final do ano.
Para 2023, a projeção é de 2,6% de crescimento, com 2024 a trazer novo abrandamento até aos 2,0%.
O Boletim destaca dois motores para o crescimento forte que espera este ano: por um lado, as exportações de serviços deverão dar um forte impulso, especialmente dada a “maior lentidão na recuperação face à crise pandémica numa das áreas que mais sofreu com a crise”, explicou Mário Centeno, governador do banco central; por outro, o investimento em Portugal também deve representar um contributo positivo, sendo a economia nacional uma “das que menos sofreu com a redução” durante o contexto pandémico.
Já a inflação é vista como subindo para 5,9%, uma revisão em alta em relação aos 4% projetados anteriormente. Ainda assim, Mário Centeno referiu em conferência de imprensa que, considerando já “o valor de maio e atualizando as hipóteses externas […], estaríamos em condições de rever cinco décimas este valor para a inflação”, levando a projeção para 6,4%.
Centeno destacou o peso da recuperação económica pós-pandemia na evolução de preços, mas também outros fatores como a procura interna nos EUA que, após políticas expressivas de apoio orçamental, se expandiu e colocou pressão no resto da economia mundial. Ao mesmo tempo, o ambiente de condições de financiamento muito favoráveis à generalidade dos sectores em Portugal e no resto da Europa também contribuiu para o fenómeno que levou a inflação na zona euro a recordes absolutos em maio, quando acelerou até os 8,1%.
Ainda assim, o BdP prevê que a pressão nos preços abrande em 2023, esperando que o indicador recue para 2,7% naquele ano e para 2,0% em 2024, o valor-alvo definido pelo Banco Central Europeu para o médio-prazo.
Centeno argumentou que a “componente energética vai perder peso na dinâmica da inflação” e, “atendendo a que não há sinais de desancoragem no médio-prazo das expectativas face ao objetivo de medio prazo do BCE, esta trajetória continua a ser a mais provável”.
[notícia atualizada às 13h16]
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