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BCE pede aos bancos da zona euro que não distribuam dividendos até janeiro de 2021

O Banco Central Europeu recomendou aos bancos que não distribuam dividendos e que não recomprem ações até 1 de janeiro de 2021 e pediu “extrema prudência” nas políticas de remuneração variável. Bancos com elevados níveis de malparado terão mais seis meses para submeterem planos de redução do crédito não produtivo.
28 Julho 2020, 10h45

O Banco Central Europeu (BCE) recomendou esta terça-feira os bancos da zona euro que caem no âmbito da sua supervisão para não distribuírem dividendos até ao dia 1 de janeiro de 2021, o mesmo aplicando-se aos programas de recompra de ações.

Com esta decisão, o BCE alarga o horizonte temporal desta recomendação. Em março, o banco central tinha recomendado aos bancos que não pagassem dividendos até outubro de 2020.

Em comunicado, a instituição liderada por Christine Lagarde referiu que “estendeu a recomendação aos bancos e recompra de ações até ao dia 1 de janeiro de 2021 e pediu aos bancos para serem extremamente moderados no que diz respeito à remuneração variável”.

A recomendação sobre a distribuição de dividendas mantém-se “temporária” e “excecional” e destina-se a preservar “a capacidade dos bancos de absorver perdas e apoiar a economia neste ambiente de incerteza excecional. Esta incerteza dificulta a capacidade dos bancos de projetarem as suas posições de capital”, lê-se no comunicado.

Esta recomendação será analisada no quarto trimestre de 2020 e terá em conta a conjuntura económica e a estabilidade do sistema financeiro. Esta recomendação deverá manter-se assim que a incerteza que lhe está a associada desaparecer, altura em que os bancos com posições de capital sustentáveis poderão voltar a distribuir dividendos. “O mesmo acontecerá quando os bancos estiverem a operar abaixo do nível do Pilar 2 Guidance” desde que as posições de capital projetadas pelos bancos sejam sustentáveis no médio prazo.

A capacidade de absorver perdas e de apoiar a economia também fez com que o BCE recomendasse aos bancos “extrema prudência” no pagamento de remuneração variável.

Numa carta enviada aos bancos, assinada por Andrea Enria, presidente do board de supervisão do BCE, o banco central pediu “moderação extrema” no que diz respeito à remuneração variável até 1 de janeiro de 2021, desde que esta remuneração possa resultar numa deterioração do valor ou da qualidade do capital.

Neste sentido, os bancos devem “ter em consideração a necessidade para preservar ou reconstruir uma base de capital sólida” e, por isso, o BCE antecipa que os bancos “considerem a extensão até a qual será possível reduzir a remuneração variável”.

O BCE também clarificou que vai dar tempo suficiente aos bancos para reporem as almofadas de capital e de liquidez, que podem continuar a ser consumidos de forma a reforçar a concessão de crédito e a capacidade de absorção de perdas. Os bancos não terão de repor os níveis de capital até alcançarem o pico da deterioração de capital, sendo que o prazo para que estes níveis sejam repostos será decidido depois dos testes de stress de 2021 e “caso a caso, tendo em conta a situação individual de cada banco”.

Em qualquer caso, o BCE permite que os bancos operem abaixo do Pilar 2 Guidance até ao final de 2022.

O BCE, no entanto, não vai estender os alívios operacionais que foram anunciados em março, com a duração de seis meses, à exceção do malparado.

“O BCE vai dar mais seis meses aos bancos com elevados níveis de malparado para submeterem os seus planos de redução de malparado de forma a terem mais tempo para melhor estimar o impacto da Covid-19 na qualidade dos ativos”, conclui o comunicado.

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