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BCE quer evitar que bancos beneficiem da arbitragem de juros com o financiamento barato obtido na pandemia

Segundo o Financial Times, o BCE vai analisar como é que vai bloquear o acesso dos bancos a este financiamento que é subsidiado e que, segundo os analistas contactados pelo FT, poderá gerar lucros extraordinários de 24 mil milhões de euros para o sector.
4 Julho 2022, 09h13

O Banco Central Europeu está a estudar formas de impedir que os bancos realizem ganhos milionários a partir de arbitragem com os empréstimos à banca a muito baixo juro lançados durante a pandemia, depois de terem começado a aumentar as taxas de juro no final deste mês.

Recorde-se que  o BCE na resposta à pandemia e para absorver o choque económico, decidiu ajudar os bancos através de compras de ativos e empréstimos de longo prazo. Lançou o programa de compra de emergência pandémica (PEPP) e disponibilizou crédito de longo prazo com condições muito favoráveis aos bancos, para evitar um credit crunch.

Segundo o Financial Times, o Conselho do BCE vai discutir esta semana como é vai reformular o programa que colocou em prática durante a pandemia para fornecer financiamento ultra-barato aos bancos, no valor de 2,2 biliões de euros.

Com o banco central agora a iniciar o ciclo de agravamento de juros, o BCE quer impedir que os bancos continuem a obter lucros fáceis com este programa.

Segundo o Financial Times, o BCE vai analisar como é que vai bloquear o acesso dos bancos a este financiamento que é subsidiado e que, segundo os analistas contactados pelo FT, poderá gerar lucros extraordinários de 24 mil milhões de euros para o setor.

Isto porque depositam dinheiro no BCE a juros mais altos e com tendência crescente, dinheiro esse que foi obtido no BCE a juros muito baixos durante a pandemia.

O FT cita fontes para noticiar que o BCE vai discutir como pode evitar a margem extra que centenas de bancos podem ganhar mantendo os seus empréstimos subsidiados em depósitos no banco central. O jornal diz as suas fontes consideram politicamente inaceitável que o BCE conceda benefícios aos bancos apoiados pelos contribuintes, enquanto está a aumentar os custos dos empréstimos às famílias e às empresas e numa altura em que a maioria dos bancos está a oferecer bónus aos empregados e a distribuir dividendos aos acionistas.

Este mês (a 1 de julho) acabaram as compras líquidas de ativos ao abrigo do programa APP (Asset Purchase Programme), e o BCE avançou com uma subida de 0,25 pontos percentuais base nas taxas de referência de juro para controlar a inflação. Está prevista uma nova subida dos juros em setembro.

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