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Bloco considera que Eduardo Cabrita “não é a pessoa certa” para reformulação no SEF

A deputada Beatriz Gomes acusa o Ministro da Admnistração Interna de uma falta do apuramento da verdade quanto ao caso da morte de Ihor Homeniuk, há nove meses, nas instalações do SEF. PSD acompanha onda de críticas, considerando que o “envio de condolências à família nove meses depois do sucedido parecem lágrimas de crocodilo”
  • Cristina Bernardo
15 Dezembro 2020, 17h53

Durante a sua intervenção na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a pedido do PSD e da deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira (ex-Livre), a deputada do Bloco de Esquerda afirmou que o ministro da Administração Interna “não é a pessoa certa” para conduzir a reformulação no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) .

“Passado nove meses continuamos a não entender o que aconteceu, continuamos a não ter respostas por parte do senhor ministro”, referiu Beatriz Gomes, referindo que “houve algumas iniciativas de cosmética, ou seja, a requalificação do centro de instalação temporária, contudo não mexem no essencial”.

A deputada bloquista argumenta que estas alterações “não questionam o modelo que criou condições para que o Ihor fosse morto”.

“Consideramos que o senhor ministro não é a pessoa adequada para fazer esta transformação [no SEF]. Passados nove meses não nos trouxe respostas”, apontou a deputada do BE, pressionando o ministro da Administração Interna.

Por sua vez, Carlos Peixoto, deputado do PSD considera que o “envio de condolências à família nove meses depois do sucedido parecem lágrimas de crocodilo”, justificando que “já antes o MAI o tinha feito, e afinal o Estado português expressou três vezes condolências”, diz, afirmando que tudo parece um “embuste”.

O deputado social democrata não poupou críticas ao ministro da Administração Interna, afirmando que Cabrita aparece hoje “calmo” a tentar “normalizar o sucedido”. “Mas não consegue: quanto mais tempo passa mais ficamos com a sensação que o Governo andou aos papéis e o ministro anda de cabeça perdida”.

Quanto ao diretor nacional da PSP, que esta semana defendeu a fusão da PSP e do SEF, tendo depois o Governo desmentido tal hipótese, o deputado do PCP, António Filipe, questionou na sua intervenção sobre se o responsável tem “condições para continuar no cargo”.

Eduardo Cabrita está esta terça-feira a ser ouvido no Parlamento sobre o caso da morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk, há nove meses, nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa.

O cidadão terá sido vítima do crime de homicídio por parte de três inspetores do SEF, já acusados pelo Ministério Público, com a alegada cumplicidade de outros 12 inspetores. O julgamento deste caso terá início em 20 de janeiro.

Noves meses depois do alegado homicídio, a diretora do SEF, Cristina Gatões, demitiu-se na semana passada, após alguns partidos da oposição terem exigido consequências políticas deste caso. Cristina Gatões tinha dito em novembro que a morte do ucraniano foi o resultado de “uma situação de tortura evidente”.

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