Durante a sua intervenção na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a pedido do PSD e da deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira (ex-Livre), a deputada do Bloco de Esquerda afirmou que o ministro da Administração Interna “não é a pessoa certa” para conduzir a reformulação no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) .
“Passado nove meses continuamos a não entender o que aconteceu, continuamos a não ter respostas por parte do senhor ministro”, referiu Beatriz Gomes, referindo que “houve algumas iniciativas de cosmética, ou seja, a requalificação do centro de instalação temporária, contudo não mexem no essencial”.
A deputada bloquista argumenta que estas alterações “não questionam o modelo que criou condições para que o Ihor fosse morto”.
“Consideramos que o senhor ministro não é a pessoa adequada para fazer esta transformação [no SEF]. Passados nove meses não nos trouxe respostas”, apontou a deputada do BE, pressionando o ministro da Administração Interna.
Por sua vez, Carlos Peixoto, deputado do PSD considera que o “envio de condolências à família nove meses depois do sucedido parecem lágrimas de crocodilo”, justificando que “já antes o MAI o tinha feito, e afinal o Estado português expressou três vezes condolências”, diz, afirmando que tudo parece um “embuste”.
O deputado social democrata não poupou críticas ao ministro da Administração Interna, afirmando que Cabrita aparece hoje “calmo” a tentar “normalizar o sucedido”. “Mas não consegue: quanto mais tempo passa mais ficamos com a sensação que o Governo andou aos papéis e o ministro anda de cabeça perdida”.
Quanto ao diretor nacional da PSP, que esta semana defendeu a fusão da PSP e do SEF, tendo depois o Governo desmentido tal hipótese, o deputado do PCP, António Filipe, questionou na sua intervenção sobre se o responsável tem “condições para continuar no cargo”.
Eduardo Cabrita está esta terça-feira a ser ouvido no Parlamento sobre o caso da morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk, há nove meses, nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa.
O cidadão terá sido vítima do crime de homicídio por parte de três inspetores do SEF, já acusados pelo Ministério Público, com a alegada cumplicidade de outros 12 inspetores. O julgamento deste caso terá início em 20 de janeiro.
Noves meses depois do alegado homicídio, a diretora do SEF, Cristina Gatões, demitiu-se na semana passada, após alguns partidos da oposição terem exigido consequências políticas deste caso. Cristina Gatões tinha dito em novembro que a morte do ucraniano foi o resultado de “uma situação de tortura evidente”.
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