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Boris Johnson recebeu ‘voto de confiança’. Mas estará seguro?

Tanto Margaret Thatcher como Theresa May renunciaram ao cargo depois de receberem um voto de confiança no Parlamento, o que sugere que o atual primeiro-ministro poderá estar ainda vulnerável à opinião dos seus pares.
6 Junho 2022, 20h03

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recebeu na segunda-feira um voto de confiança por parte dos deputados do Partido Conservador, mostrando que a maioria apoia a sua continuidade no Governo, apesar dos 54 deputados que enviaram cartas de desconfiança, dando origem a esta votação. Mas o seu cargo não está garantido, segundo o “The Telegraph”.

Ao contrário do que acontece com a tradicional moção de censura, onde os deputados dos vários partidos são chamados a votar, o voto de confiança é exclusivo aos militantes do partido do primeiro-ministro britânico que integram o governo. Mas também este é secreto.

Mesmo assim, o facto de Johnson ter sobrevivo a este desafio, não significa que esteja agarrado ao poder, tendo perdido o apoio de tantos ‘backbenchers’ (membros do parlamento do seu partido que não estão no executivo). De facto, a deposição de líderes conservadores anteriores sugere que o primeiro-ministro ainda ficará extremamente vulnerável na sua posição.

Margaret Thatcher renunciou vários dias depois de sobreviver à primeira ronda do desafio de liderança realizado em 20 de novembro de 1990, na qual garantiu 204 votos contra 152, mas o seu fracasso em alcançar uma margem de vitória de 15% encostou-a à parede uma vez que caso tivesse continuado a lutar, teria de se submeter a nova votação.

Já Theresa May renunciou vários meses depois de sobreviver ao voto de confiança. A apesar de os parlamentares não poderem desencadear uma disputa por 12 meses (o ‘período de graça’, que na verdade pode ser alterado se for essa a vontade do Comité de 1922, o grupo parlamentar do Partido Conservador), os oponentes no partido encontraram outras vias para expressar a falta de confiança nela: em abril de 2019, mais de 65 presidentes de associações conservadoras representadas pela Convenção Conservadora Nacional pediram uma nova votação de confiança. May abandonou o cargo antes que tal votação tivesse lugar.

Segundo uma sondagem recente, 41% dos eleitores que votaram Conservadores em 2019 querem Johnson fora, pelo que não é inconcebível que ele também possa cair nas mesmas táticas.

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