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Bruxelas revê crescimento português e da zona euro em alta apesar da subida da inflação

As expectativas para a inflação na zona euro e na economia portuguesa também foram revistas em alta, mas Bruxelas prevê que os impactos da crise logística global e da variante Ómicron sejam de curta duração, permitindo um crescimento significativo no final deste ano.
10 Fevereiro 2022, 18h00

A Comissão Europeia reviu em alta as suas projeções para o crescimento na zona euro e Portugal em 2022, bem como para a inflação em ambos os espaços económicos este ano, isto no dia em que o INE confirmou mais uma subida de preços em janeiro. Bruxelas mostra otimismo depois de um começo de ano condicionado pela reintrodução de restrições pandémicas na generalidade dos Estados-membros e destaca o impulso que deverá dar o turismo ao crescimento nacional.

A expectativa para o crescimento português é agora de 5,5% em 2022, com a Comissão a destacar o impacto que terá a recuperação do turismo internacional neste resultado. Para 2023, a estimativa é que o PIB avance 2,6%. No anterior relatório de Bruxelas, de novembro passado, as projeções apontavam para 5,3% e 2,4%, respetivamente.

“A procura doméstica deve contribuir substancialmente para o crescimento em ambos os anos, auxiliado pela implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, lê-se no documento divulgado esta quinta-feira, que projeta ainda “um contributo líquido positivo” dado pelo sector externo.

Para o bloco da moeda única, a Comissão projeta agora um crescimento em 2022 de 5,3%, uma melhoria em relação aos 5,0% estimados em novembro. Esta subida de expectativas surge apesar do desempenho mais fraco do que esperado da economia da zona euro no início do ano, que foi condicionada por disrupções logísticas e a subsequente subida da inflação, bem como pela situação pandémica causada pela Ómicron.

“Esta previsão assume que o impacto na economia causado pela mais recente onda de infeções será de curta duração e que a generalidade das perturbações logísticas desvanecerá durante o ano”, esclarece a instituição. Ainda assim, a inflação deverá continuar a subir, atingindo o seu pico no primeiro trimestre e mantendo-se elevada até ao terceiro, apontando a Comissão a um valor “acima de 3%”.

Inflação continua a subir em janeiro

Apesar de Portugal ter registado durante os últimos meses de 2021 uma das taxas de inflação mais baixas da zona euro, a pressão nos preços também se faz sentir na economia nacional, como espelha a subida recente do indicador. O INE confirmou esta quinta-feira que a taxa de variação de preços em janeiro se situou nos 3,3%, valor que havia sido estimado no final do mês, e a Comissão reviu as suas projeções para este ano, apontando agora a 2,3% de inflação, em vez dos 1,7% anteriormente estimados.

Na sua análise a cada país, Bruxelas destaca o impacto da crise energética nos preços em Portugal, isto apesar das medidas do Governo terem “protegido as famílias de aumentos ainda mais abruptos”. Em particular, o aumento dos custos das empresas com energia impactará a evolução de preços no país, avisa a Comissão, que refere como um dos principais riscos à trajetória da economia europeia a tensão no leste do continente e o impacto de um possível conflito entre russos e ucranianos no abastecimento de gás natural aos Estados-membros da UE.

Apesar da escalada de tensões na fronteira, o documento divulgado esta quinta-feira antecipa que os preços da energia deverão estar próximos de atingir o pico, sendo esperado um abrandamento do fenómeno a partir da segunda metade do ano.

Para a zona euro, a estimativa é que o ano feche com 3,5% de inflação, o que representa uma atualização substancial em relação aos 2,2% projetados há uns meses. O fenómeno deverá acalmar em 2023, para quando Bruxelas projeta 1,7% de inflação no final do ano.

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