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Bruxelas revê em alta previsão de crescimento de Portugal (com áudio)

Bruxelas está mais otimista que o Governo de António Costa: vê Portugal a crescer 2,4% este ano e 1,2% no próximo. Turismo vai contribuir de modo significativo para essa evolução, destaca Comissão Europeia.
15 Maio 2023, 09h33

A Comissão Europeia está mais otimista quanto ao futuro da economia portuguesa. Assim, nas projeções divulgadas esta segunda-feira, o executivo comunitário decidiu rever em alta as previsões de crescimento de Portugal, antecipando que o Produto Interno Bruto (PIB) subirá, afinal, 2,4% este ano, e não 1% como anteriormente estimado. A perspetiva de Bruxelas supera mesmo a do Governo de António Costa, que está a contar com um crescimento de 1,8%.

“Depois de uma recuperação forte no início de 2023, o crescimento económico [português] deverá enfraquecer no segundo trimestre e recuperar depois”, antevê a Comissão Europeia nas Previsões de Primavera, nas quais se mostra, considerando o conjunto do ano de 2023, mais otimista do que estivera nas Previsões de Inverno.

No que diz respeito ao primeiro trimestre, o executivo comunitário sublinha que a economia portuguesa beneficiou do dinamismo do turismo, mas também da recuperação da produção doméstica de energia hidroelétrica, o que reduziu o peso das importações de eletricidade e gás natural.

Em contraste, a procura interna continuou fraca, realça a Comissão Europeia, uma vez que o consumo privado foi prejudicado pela queda do poder de compra das famílias portuguesas e os investidores foram confrontados com taxas de juro crescentes.

Já quanto ao segundo trimestre de 2023, Bruxelas está a contar com um enfraquecimento da economia portuguesa, mas estima que nos meses seguintes o PIB recuperará à medida que for crescendo o rendimento das famílias e, consequentemente, o consumo.

O investimento também deverá melhorar na segunda metade do ano, já que, nessa altura, a recuperação das cadeias de abastecimento, a redução dos preços dos bens e o fluxo dos fundos europeus deverão compensar o impacto negativo das taxas de juro.

“No conjunto do ano, o PIB deverá desacelerar de 6,7% em 2022 para 2,4% em 2023 e 1,8% em 2024”, projeta, assim, a Comissão Europeia. Em fevereiro, nas Previsões de Inverno, apontava para um crescimento de 1% em 2023 e de 1,8% em 2024, o que significa que está agora mais otimista quanto ao ano em curso.

Entre os vários Estados-membros, Bruxelas só vê três outros países com maiores em 2023: Irlanda (5,5%), Malta (3,9%) e Roménia (3,2%). Em comparação, Espanha deverá crescer 1,9% este ano, a Alemanha 0,2%, França 0,7% e Itália 1,2%.

Por outro lado, a taxa de desemprego em Portugal deverá ficar em 6,5% em 2023 e 6,3% em 2024. A Comissão Europeia observa que os últimos meses têm sido de agravamento do desemprego, mas tal é explicado, diz o executivo comunitário, pela forte procura de emprego, isto é, pela transição dos inativos que não procuravam trabalho para o desemprego ao passarem a buscar ativamente um novo emprego, tal como já tinha escrito o Jornal Económico. “Tanto a taxa de emprego, como de atividade atingiram recordes no início de 2023”, salienta Bruxelas.

Já quanto à inflação, depois dos níveis históricos registados em 2022, espera-se que 2023 seja mais moderado. Bruxelas aponta para uma taxa de 5,1% em 2023, em linha com o Governo, e para 2,7% em 2024.

A evolução dos preços da energia ajuda a explicar essa desaceleração da inflação, mas não só: a redução do IVA para 0% nos bens alimentares essenciais também dará um contributo positivo para o abrandamento dos preços, frisa a Comissão Europeia.

Ainda assim, os ajustes salariais, numa altura marcada, como referido, por níveis de emprego recorde, deverão continuar a pressionar os preços.

Por outro lado, quando ao défice, as Previsões de Primavera apontam para 0,1% do PIB em 2023 e 2024.

Atualizada às 10h28

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