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Capitalização: Bancos só valem 20% do dinheiro que foi injetado

Os maiores bancos do sistema português pediram 42,4 mil milhões de euros aos seus acionistas desde 2000, hoje valem apenas 8,4 mil milhões.
  • Octávio Passos
19 Janeiro 2017, 10h16

Os maiores bancos do sistema português pediram 42,4 mil milhões de euros aos seus acionistas desde 2000, um valor que comparado com o valor atual do mesmo conjunto de bancos, que se fica nos 8,4 mil milhões, representa 19,8% do valor que consumiram.

Este levantamento dos aumentos de capital na banca nos últimos anos é da responsabilidade do BPI, tendo sido apresentado ontem, véspera do arranque de um novo aumento de capital do BCP, sendo que o valor que o Millennium procura agora captar já é assumido nos cálculos do banco.

Para este reduzido peso do valor dos bancos face ao que exigiram a investidores em muito contribuiu o desaparecimento do BES, Banif e do BPN, que desde 2001 e até colapsarem receberam mais de 22 mil milhões injetados por acionistas através de aumentos de capital.

Fernando Ulrich, presidente do banco, aproveitou a publicação do estudo do BPI para incentivar o país a uma reflexão sobre a banca e os preconceitos que identifica face ao setor.

“Até agora, o esforço efetivamente suportado pelo Estado e pelos contribuintes foi muito baixo quando comparado com o dos acionistas e o que foi suportado pelos outros países”, comenta o presidente, citadopor vários meios de comunicação.

Ulrich identifica “uma destruição colossal de capital acionista” pela banca, “equivalente a 19% do produto interno bruto” de 2016, depois de uma comparação entre a injeção de 42,4 mil milhões de euros nos seis bancos considerados e o retorno que os mesmos conseguiram dar através de dividendos.

Desde 2001, perto de 7 milhões de euros em dividendos foram distribuídos pelos bancos, o que totaliza uma perda de 35,5 mil milhões de euros dos acionistas, depois do balanço feito entre dinheiro entregue e recebido.

A CGD revela-se o banco menos mau no levantamento feito pelo BPI.

Os dados revelam que o banco público pediu 8,5 mil milhões de euros aos acionistas, já prevendo o aumento de capital recentemente anunciado, e distribuiu em dividendos 2,5 mil milhões, o que equivale a 29% do dinheiro pedido.

Só o BPI apresenta melhor rácio, sendo que distribuiu o equivalente a 94% do valor que pediu.

Ulrich recusa assim a ideia de que os contribuintes são quem mais dinheiro gastou com o setor financeiro em Portugal, verificando-se na pesquisa que os contribuintes perderam entre oito a dez mil milhões de euros com o setor bancário desde 2001.

Para o presidente do BPI, o Estado está atualmente menos exposto à banca, especialmente se considerado em relação ao pico de 2012. Os contribuintes já estiveram expostos ao setor em mais de 22 mil milhões de euros, valor que agora caiu para 2,5 mil milhões.

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