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Castelo de São Jorge recebe “Sonho de Inverno” do realizador João Botelho

Há quanto tempo não visita o Castelo de São Jorge, em Lisboa? Até dia 18 de fevereiro, tem mais uma razão para subir a colina: “Sonho de Inverno”, uma instalação de luz, som e imagem criada pelo realizador João Botelho.
6 Fevereiro 2022, 16h00

“Sonho de Inverno” nasceu entre dois filmes, também eles ‘furtados’ à Literatura. Ou seja, depois de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, adaptação do livro homónimo de José Saramago para cinema, encher o grande ecrã em 2020, e antes de “Um Filme em Forma de Assim”, baseado no livro de Alexandre O’Neill “Uma Coisa em Forma de Assim”, estrear em sala ainda este ano.

A história de “Sonho de Inverno” tem seis atos, ou dito de forma mais prosaica, seis paragens. A saber, o Jardim Romântico, as ruínas da catedral, a Sala Ogival, a primeira e a segunda Praça de Armas e o Páteo dos Fornos. Todo o percurso é acompanhado de informação biográfica dos autores escolhidos por João Botelho para ilustrar a “sua” história, ou melhor, a de Lisboa.

Na primeira paragem, “Da História”, ) a voz da atriz Catarina Wallenstein lê um excerto de “Descrição da Cidade de Lisboa”, de Damião de Góis, sobre a origem da cidade. Do outro lado, e antes de seguirmos para “Sonho”, é tempo de uma pausa musical da autoria do compositor Pedro de Cristo. A envolvente das ruínas agradaria sobremaneira aos Românticos, mas isso são considerações para outra ocasião. Mais à frente, na sala das exposições temporárias, recebe-nos Fernando Pessoa. Enquanto se ouvem excertos da sua obra, espreita-se a projeção de luz e fumo que simula um céu nublado.

A próxima paragem brinda o visitante com poesia de Cesário Verde. O ator Pedro Lacerda dá-lhe vida e a Natureza banda sonora, com destaque para os gritos dos pavões. São gravados, mas refira-se a título de curiosidade que o Castelo, mais concretamente um pinheiro-manso, abriga, no seu interior, durante a noite, 40 pavões.

Na paragem “Da Música”, espera-nos Arnold Schönberg e a sua “Noite Transfigurada”, que pode ser ouvida enquanto na muralha são projetadas imagens do universo. No Páteo dos Fornos, presta-se homenagem a Camões. Uma tina com água, repleta de espelhos, cria na parede o efeito de uma gota contínua, que simboliza o mar português. Esse mesmo que Luís Vaz de Camões glosou dizendo “quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal!”.

Durante uma hora, ou na versão abreviada, meia-hora, poderá acompanhar o “Sonho” de João Botelho e percorrer diversos recantos do Castelo de São Jorge, passear pela História da cidade de Lisboa e, claro,  contemplá-la em tempo real. Se a visita tiver lugar em noite de lua cheia, então, o espetáculo será ainda mais grandioso.

“Sonho de Inverno” pode ser visto no Castelo de São Jorge, diariamente, até 18 de fevereiro; segunda-feira a domingo, das 19h00 às 2100h; custo do bilhete: 5 euros

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