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Aviso do BE ao Governo: “Continuam a vender produtos de risco aos balcões dos bancos”

Catarina Martins diz ser necessário “parar os lesados” e aponta o dedo à solução do Governo, que não cobre todos os injuriados pela banca.
22 Dezembro 2016, 16h45

“Depois dos lesados do BES já tivemos os lesados do Banif”, reforçou Catarina Martins, esta tarde, durante o último debate quinzenal do ano. A líder do Bloco de Esquerda sugeriu uma alteração na lei e lançou um desafio a António Costa: “O PS que mude o sentido de voto e não teremos lesados no futuro”.

Em declarações no plenário, Catarina Martins sublinhou que o “Governo pode hoje orgulhar-se do défice, mas o custo para o país foi alto”, exemplificando com o fecho de escolas, como o da Escola Secundária de Carcavelos, noticiado hoje.

Em resposta a esta intervenção, António Costa disse que mede os resultados quando vê “o desemprego a baixar” e “maior apoio social”. Sobre as divergências entre os dois partidos, o primeiro-ministro foi pragmático: “É sabido que não estamos de acordo em tudo. Não é um drama. Vivemos confortavelmente com as nossas diferenças”.

António Costa realçou que a proposta foi apresentada, que “o crédito vai ser comprado e cobrado” e que os responsáveis pelas operações “fraudulentas” serão devidamente responsabilizados. “O Governo quer resgatar a confiança dos clientes portugueses na banca”, assegurou o primeiro-ministro.

A número um do Bloco de Esquerda retorquiu com a hipótese de se continuar a ter lesados neste ramo, tendo em conta que se “continuam a vender produtos de risco aos balcões dos bancos”. Ainda assim, Catarina Martins assegurou que um dos “caminhos” de que o partido se orgulha é “o acordo com o PS sobre o salário mínimo”.

Nesse sentido, António Costa reafirmou a meta de atingir os 600 euros de salário mínimo nacional em 2019, na medida em que considera um objetivo importante para o “combate às desigualdades sociais” da sociedade portuguesa.

A dirigente bloquista introduziu mais dois temas no debate, incluindo a questão das PPP (Parcerias Público-Privadas) de gestão na saúde, cuja despesa em 2017 será de 448 milhões de euros, consoante referiu Catarina Martins. Na sua perspetiva, a “única forma de proteger o Serviço Nacional de Saúde é aproveitar esta oportunidade e inverter para a gestão pública os hospitais de Braga e Cascais”.

No final do seu discurso no debate quinzenal, a bloquista fez ainda referência aos despejos forçados de famílias, como por exemplo na zona da Amadora. “É necessário um novo recenseamento”, apelou, aproveitando a ocasião para questionar o Executivo sobre a data para um futuro estudo estatístico.

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