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CEO dos bancos espanhóis em Portugal são os mais bem pagos

O ranking dos cinco maiores CEO dos bancos portugueses, com base no relatório e contas de 2019, revela que os dois banqueiros mais bem pagos são os CEO do BPI e do Santander Portugal. Segue-se Miguel Maya, presidente do BCP. Em penúltimo lugar está o presidente do banco do Estado e no fim da tabela está o presidente executivo do banco detido em 25% pelo Fundo de Resolução.
  • Cristina Bernardo
13 Junho 2020, 20h58

O presidente executivo (CEO) do Novo Banco é o mais mal pago dos cinco maiores bancos. António Ramalho recebeu em 2019 uma remuneração fixa anual bruta de 357 mil euros. A isto acresce uma remuneração variável diferida de 43 mil euros que o presidente do banco detido em 25% pelo Fundo de Resolução (75% são da Lone Star) irá receber mais tarde. O que justifica os 400 mil euros por ano que têm sido falados sobre o salário do banco que nasceu da resolução do BES.

O valor da remuneração do CEO do Novo Banco tem sido invocado nas picardias políticas entre os partidos da oposição, mas António Ramalho é claramente o presidente executivo que menos recebe em termos de salário anual, de entre os cinco maiores bancos portugueses. Até porque, por causa de ter o seu capital protegido pelo Fundo de Resolução (entidade pública) tem o seu ordenado limitado a 10 vezes o salário médio da instituição financeira.

Comparando os CEO dos cinco maiores bancos – CGD, BCP, BPI, Santander Totta e Novo Banco – verifica-se que quem lidera, em termos de remuneração fixa bruta anual, é Pablo Forero, CEO do BPI, que anunciou recentemente a saída do cargo tendo sido escolhido João Pedro Oliveira e Costa para o lugar. Não se sabe ainda se será este o salário do novo CEO do banco detido a 100% pelo CaixaBank, até porque essa é uma competência da comissão de remunerações, mas essa será uma informação que constará no relatório e contas de 2020.

Em 2019, Pablo Forero recebeu em termos de remuneração fixa anual bruta 1.028 mil euros. A isto acresce um valor pago de remuneração variável de 88 mil euros, o que soma 1.116 mil euros por ano. No entanto a remuneração não se esgota aqui. O CEO do BPI viu-lhe atribuído em 2019 em remuneração variável um total de 220 mil euros, sendo que 132 mil euros (200 mil – 88 mil) foram diferidos para pagar faseadamente ao banqueiro espanhol até 2024.

Em termos de valores pagos efectivamente em 2019, Miguel Maya, presidente executivo do Millennium BCP, surge em segundo lugar, com uma remuneração fixa anual bruta de 650  mil euros (entre o que recebe do BCP e de outras sociedades do grupo).  A isto acresceu 56,5 mil euros em remuneração variável em dinheiro, não diferida, e 44,4 mil euros em ações (correspondente a 219,7 mil ações que lhe foram atribuídas). Ao todo soma 100,9 mil euros de remuneração variável já recebida. No entanto, o CEO do BCP tem no relatório e contas de 2019 uma remuneração variável diferida por três anos de 56,5 mil euros em dinheiro a que acrescem mais 219,7 mil ações, o que à atual cotação de 0,1125 euros por título dará ao banqueiro mais cerca de 24,7 mil euros no futuro (sendo que o valor certo depende da cotação da ação na altura).

O presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, tem uma remuneração fixa bruta em 2019 de 403 mil euros. Aparentemente está abaixo da maioria dos seus colegas, mas quando se olha para a remuneração variável e sobretudo para a remuneração variável diferida verifica-se que está no topo da lista dos mais bem pagos.

O CEO do Santander em Portugal teve de remuneração variável efectivamente paga, a título de prémio atribuído, 187 mil euros, o que juntando à remuneração fixa soma 590 mil euros em 2019. Mas tem ainda, 199 mil euros em ações, também atribuídas a título de prémio, mas cujo valor ficou retido por um ano, segundo o relatório e contas. O que somando aos 590 mil atribuídos e recebidos eleva a remuneração bruta anual de 2019 para 789 mil euros.

Pedro Castro e Almeida tem ainda já atribuída uma remuneração variável em dinheiro de 37 mil euros para ser paga em 2021; 37 mil euros para ser pago em 2022 e 37 mil para ser pago em 2023. Já em ações o CEO do banco detido pelo espanhol Santander vai receber 10.191 ações por ano até 2025.

Por fim Paulo Macedo, CEO do maior banco português, teve em 2019 uma remuneração fixa bruta de 423 mil euros (o que dá 30.214,3 mil euros brutos por mês durante 14 meses) e uma remuneração variável de 61,6 mil euros. O que significa que o presidente da Caixa Geral de Depósitos teve uma remuneração bruta total em 2019 de 484,6 mil euros.

Portanto, em termos de ranking, os dois banqueiros mais bem pagos são os CEO do BPI e do Santander Portugal. Segue-se Miguel Maya presidente do BCP, Paulo Macedo do banco do Estado e por fim António Ramalho, CEO do Novo Banco.

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