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Chanceler alemão acusado de comparar ativistas climáticos a nazis

Scholz falava, numa conferência, sobre a perda de empregos na indústria do carvão quando foi interrompido por um ativista e disse: “Essas encenações vestidas de preto em vários eventos, [realizadas] sempre pelas mesmas pessoas, lembram-me de um tempo que, graças a Deus, já passou”. Os ativistas pensam que se referia à SS nazi. Porta-voz negou.
31 Maio 2022, 14h27

Olaf Scholz foi interrompido durante um discurso por ativistas climáticos que acusam o chanceler alemão de os comparar à organização paramilitar nazi SS. O porta-voz considera que tal comparação é “absurda”, segundo o “Politico”.

Scholz falava num painel na Convenção Católica Alemã na última sexta-feira, quando abordou os empregos perdidos à conta dos planos de eliminação do carvão do país até 2030, questionando se a divisão e a radicalização da sociedade representam um perigo para o país. Destacando que, sendo necessário que todos se sintam reconhecidos na sociedade, é preciso pensar no que se vai dizer “aos mineiros sobre as suas perspetivas”.

O ativista que o interrompeu gritou “absurdo” e disse que o número de empregos no carvão –  menos de 20 mil – é muito menor do que os perdidos no setor das energias renováveis – mais de 100 mil desde 2011 devido ao declínio da indústria solar da Alemanha, segundo dados oficiais.

Ao ser interrompido, Scholz disse: “Essas encenações vestidas de preto em vários eventos, [realizadas] sempre pelas mesmas pessoas, lembram-me de um tempo que, graças a Deus, já passou”. O chefe de Estado acusou ainda os ativistas de não quererem envolver-se em discussões, mas sim de “manipular” o evento “para os seus próprios propósitos”.

O vídeo do momento tornou-se viral no fim de semana, originando uma vaga de críticas.

“Scholz está a comparar ativistas climáticos a nazis”, escreveu Luisa Neubauer, uma figura proeminente do movimento ‘Fridays for Future’. “O chanceler da república banaliza o regime nazi e, paradoxalmente, a crise climática também… É um escândalo. Qualquer um que esperava que Scholz entendesse vagamente a catástrofe climática agora sabe como é que ele se posiciona”.

O eurodeputado dos Verdes, Erik Marquardt, exigiu um pedido de desculpas. “O chanceler Scholz não precisa de gostar da desobediência civil do ativismo climático – mas aqui ele compara as pessoas que fazem campanha pelo clima aos nazis”.

Os meios de comunicação alemão especulam que Scholz pode ainda ter-se referido aos movimentos estudantis de extrema esquerda da sua juventude, mas a sua porta-voz, Christiane Hoffmann, recusou dar detalhes quando questionada na segunda-feira. “Os comentários do chanceler valem por si mesmos”, disse.

Hoffmann acrescentou que a ação climática continua a ser uma prioridade para o chanceler, mas disse que este tipo interrupções “impedem uma discussão baseada em factos” e que tal discussão “é necessária para as pessoas que, por exemplo, temem perder os seus postos de trabalho”.

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