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China sinaliza vontade de “mediar” conflito entre Rússia e Ucrânia

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que a ligação partiu do lado ucraniano. Os dois ministros também discutiram a evacuação de cidadãos chineses do país, dado que existem seis mil cidadãos chineses a viver, trabalhar e a estudar em território ucraniano, segundo dados oficiais do governo chinês.
  • 1 – China
2 Março 2022, 12h15

A China afirmou estar disponível para desempenhar um papel mediador no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, através de um telefonema entre o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi e o seu homólogo ucraniano Dmytro Kuleba, avança o “The Guardian”. Apesar de Pequim recusar publicamente condenar a invasão russa, tem tentado evitar a escalada de tensões apelando ao diálogo entre as duas partes.

Naquele que foi o primeiro telefonema com o seu colega ucraniano, Kuleba, desde o início da guerra, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse que Pequim “lamenta” a eclosão do conflito e está “extremamente preocupada” com os danos a civis.

A estatal “China Central Television” (CCT) disse que Kuleba pediu à China que utilize a sua influência para ajudar a mediar o seu conflito com a Rússia. Adicionalmente, o ministro ucraniano “pediu ajuda para encontrar uma solução diplomática”.

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que a ligação partiu do lado ucraniano. Os dois ministros também discutiram a evacuação de cidadãos chineses do país, dado que existem seis mil cidadãos chineses a viver, trabalhar e a estudar em território ucraniano, segundo dados oficiais do governo chinês.

“A Ucrânia está disposta a fortalecer as comunicações com a China e espera que Pequim desempenhe um papel de mediação para alcançar um cessar-fogo”, segundo um relatório chinês, que citou Kuleba.

A ligação de Wang com Kuleba acontece numa altura de escalada do conflito. Na terça-feira, as forças russas bombardearam o prédio do governo regional em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, matando pelo menos dez civis, segundo relatos oficiais.

Enquanto isso, uma enorme coluna blindada dirige-se à capital, Kiev, levantando receios de que a Rússia possa recorrer à pulverização de áreas civis. Kuleba publicou um vídeo no Twitter que mostra a enorme explosão na Praça da Liberdade de Kharkiv, apelidando-a de “ataque bárbaro com mísseis” resultante da incapacidade de Vladimir Putin de “destruir a Ucrânia”.

Os aliados ocidentais continuam a mostrar solidariedade com a Ucrânia, pressionando a Rússia através de sanções e assistência militar. A China, no entanto, disse que se opõe “ferozmente” às ​​sanções contra a Rússia. Pequim disse que o diálogo “é a única maneira de parar os combates”.

A China tem acompanhado os acontecimentos de perto. Na terça-feira, Wang continuou a ter uma visão equilibrada sobre a ação da Rússia contra a sua vizinha.

Ele disse que enquanto a China acredita que a segurança de um país “não deve vir à custa da segurança de outros países”, a segurança regional “não pode ser realizada através da expansão de blocos militares”, duas afirmações que, de alguma forma, espelham a posição que Pequim assume em relação à decisão da Rússia em invadir a Ucrânia.

Wang disse a Kuleba que a tarefa urgente por enquanto é “acalmar a situação o máximo possível para evitar que o conflito se agrave ou, até, que fique fora de controlo”. O ministro dos Negócios Estrangeiros também instou a Ucrânia a “assumir responsabilidades internacionais correspondentes”.

“A China está a tentar conciliar uma posição equilibrada para apoiar as ‘preocupações razoáveis’ da Rússia e, ao mesmo tempo, não queimar todas as pontes”, disse Yun Sun, diretor do programa do leste da Ásia no Stimson Center, em Washington.

“[Pequim] não dará ao mundo a satisfação de se opor à Rússia. Putin sabia disso. O que quer que a Rússia faça, os EUA ainda são a maior ameaça à China. Só por isso, a China não se irá opor à Rússia.”

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