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Cimeira das Américas: China ampliou a liderança comercial na América Latina

Apesar de todos os esforços de Joe Biden – e anteriormente de Donald Trump – a política de norte-americana de contenção da influência da China no sub-continente é um falhanço. Reforçado desde que Joe Biden chegou à Casa Branca
8 Junho 2022, 18h53

A China ampliou a diferença em relação aos Estados Unidos em termos comerciais em grandes áreas da América Latina desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumiu o cargo no início do ano passado, mostra uma análise exclusiva da agência Reuters face aos dados comerciais da ONU de 2015-2021.

Os dados indicam que, com a exclusão do México, a China ultrapassou os Estados Unidos na América Latina e aumentou a diferença no ano passado. E mostram que, numa área rica em recursos naturais, os Estados Unidos perderam terreno na região há muito vista como “o seu quintal” (expressão da Reuters).

O México e os Estados Unidos têm um acordo de livre comércio desde a década de 1990 e o comércio entre os dois vizinhos ofusca só por si o comércio de Washington com o resto da América Latina. O acordo, que Trump quis rever, parece ser a chave para o bom momento das relações económicas entre os dois países – que não se repetem nas relações políticas: Lopes Obrador, o presidente mexicano, não está a Cimeira das Américas, que está a decorrer, por a Casa Branca não ter convidado Cuba, Venezuela e Nicarágua para Los Angeles.

Segundo a Reuters, a desaceleração do comércio entre os Estados Unidos e os restantes países da região, que aconteceu pela primeira vez sob a liderança do ex-presidente Donald Trump, em 2018, cresceu desde que Biden assumiu o cargo em janeiro do ano passado, “apesar da promessa de restaurar o papel de Washington como líder global e de reorientar a atenção para a América Latina depois de anos do que chamou ‘negligência’”.

A explicação é simples: sem impedimentos burocrático/políticos que implicam no sistema norte-americano, a China fornece respostas rápidas às pretensões dos países abordados e não se limita às trocas comerciais: apoia as economias locais com investimento, sendo assim duplamente proactiva na criação de riqueza.

Aliás, como foi ontem conhecido, a vice-presidente Kamala Harris pretende replicar a estratégia chinesa, ao agregar um pacote de financiamento de 1,9 mil milhões de dólares (cerca de 1,78 mil milhões de euros) precisamente para investir nos países de origem da imigração, na tentativa de a tornar menos atrativa.

Excluindo o México, os fluxos comerciais totais – importações e exportações – entre a América Latina e a China atingiram quase 247 mil milhões de dólares no ano passado, segundo os últimos dados disponíveis, bem acima dos 174 mil milhões registados com os Estados Unidos. A exceção, o México, regista fluxos de 607 mil milhões de dólares com os Estados Unidos (em 2021), bem acimados 110 mil milhões verificados com a China.

Na tentativa de colmatar esta falha, Biden prepara-se para anunciaria um plano a que chamou ‘Parceria das Américas’ na cimeira de Los Angeles, com base os desenvolvimento de acordos comerciais já existentes. O objetivo é mobilizar investimentos, reavivar o Banco Interamericano de Desenvolvimento, criar empregos das áreas da energia limpa e fortalecer as cadeias de fornecimento. Mas o presidente sabe que esse plano irá chocar com a onda de protecionismo que está a percorrer a economia privada norte-americana, segundo a Reuters, decorrente das alterações profundas da envolvente.

A concorrência da produção chinesa por um lado, e a enorme procura de commodities alimentares por outro, levam a China a ser um concorrente imbatível, não só em países que não têm trocas em aberto com os Estados Unidos (como Cuba e a Venezuela e o seu petróleo), mas também nos que nada têm contra a China (como o Chile e o Peru), e mesmo no que têm alguma coisa contra Pequim (como o Brasil).

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