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Cloud: o que esperar em 2019?

Mark Phillips, responsável de Digital Pursuits, Fujitsu EMEIA, elaborou as previsões para a Cloud para o próximo ano.
13 Janeiro 2019, 11h30

1. IA no centro de tudo: a Inteligência Artificial já não pode ser vista como uma tendência de um futuro longínquo. Blockchain, IoT, Data Analytics, Automatização de Processos Robóticos: a partir de agora tudo será orientado pela IA. Por aquilo que testemunho, a velocidade de adoção será, no mínimo, igual à de qualquer tecnologia anterior. A consequência é que tudo se tornará inteligente e ativado. Quando combinada com a Automatização de Processos Robóticos, por exemplo, a IA terá um impacto imenso na eficácia de operações de negócio diárias através de uma maior simplicidade, automatização, velocidade e serviço, tudo alcançado a baixo custo.

2. Cloud nativa ganha adeptos: há três formas diferentes de mudar para a cloud: a migração do que já se tem, sem qualquer alteração posterior do design ou do processo; a adaptação dos processos existentes à medida que se migra; ou esquecer o modo como se faziam as coisas no passado, transformando por completo os processos e desenvolvendo apenas como se daqui em diante tudo fosse ‘nativo da cloud’. Este terceiro estado também é conhecido como ‘cloud native’. Nos últimos anos, as pessoas têm vindo a experimentar a tecnologia nativa da cloud. Em 2019, veremos um aumento das vantagens e dos casos empresariais. O que vemos agora são implementações de produção em grande escala de tecnologias nativas da cloud. Até agora, o que era nativo da cloud cingia-se a um nicho, sendo usado, por exemplo, para proporcionar a escalabilidade extrema necessária para combinar com um modelo de negócio.
O que vai acontecer em 2019 é que as organizações vão desenvolver novas estratégias que oferecem vantagens competitivas novas e disruptivas. Por exemplo, a indústria da segurança está atualmente assente em guardas humanos que ou estão em determinados locais ou os visitam – há provavelmente 200 seguranças num raio de um quilómetro quadrado face ao local onde estou a escrever este artigo em Londres. Imagine a disrupção que seria se vivêssemos num mundo em que a tecnologia nativa da cloud fosse capaz de acumular e monitorizar a segurança de um local através de dados enviados via CCTV e sensores e só fossem enviadas pessoas para onde fosse absolutamente necessário – onde elas se pudessem focar em trabalho que fosse mais estimulante do que ficar toda a noite a olhar para ecrãs monótonos e em que nada acontece. É esse grau de disrupção que está agora a ser atingido.

3. Tecnologias de desenvolvimento: à medida que o que é nativo da cloud se torna a norma, em 2019 cada vez mais pessoas tomarão decisões conscientes sobre se desenvolvem apps utilizando tecnologias nativas em plataformas como a AWS e a Microsoft Azure ou se usam tecnologias mais abertas, como os containers, de que são exemplo a Docker e a Kubernetes. Ao decompor uma aplicação em entidades pequenas, atómicas e encapsuladas, estes containers podem então ser recompostos de forma dinâmica em aplicações complexas e distribuídos para várias plataformas, permitindo o processamento concorrente de múltiplas tarefas. O retorno estará na simplificação da manutenção e do desenvolvimento, possibilitando por norma DevOps super ágeis, melhor resposta a mudanças nas exigências, escalabilidade nos níveis de serviços individuais e maior rentabilidade. E porque os containers facilitam o foco em novas funcionalidades, na correção de erros e no envio de software novo ou actualizado, eles são veículos para oferecer valor ao cliente.

4. IA transparente para assegurar a integridade: mergulhando mais fundo nas implicações de um mundo de IA, as falhas em qualquer grande plataforma cloud serão menos preocupantes, porque as operações activadas por IA vão automaticamente redirecionar os clientes para um hyper-scaler alternativo e depois mudá-lo de volta quando a cloud preferida voltar a estar ativa, sem qualquer intervenção humana. Esta é a realidade do nosso novo mundo: agora decidimos quando queremos que a IA comande, especificamos os resultados que queremos e até onde estamos preparados para deixar a IA atuar.
Acreditamos que a IA não é uma varinha mágica. É uma ferramenta que ajuda as pessoas a obter valor a partir dos dados. Temos uma obrigação de criar tecnologia que seja responsabilizável, com a capacidade de compreender por que motivo um algoritmo tomou determinadas decisões – especialmente em sectores altamente regulados como a banca ou a prestação de cuidados de saúde. Esta IA vai exigir que as organizações publiquem código e algoritmos de modo a que, se alguma coisa correr mal, seja possível apurar responsabilidades e uma audiência mais alargada possa ser envolvida na resolução do problema. Isto não será fácil e uma questão chave será a propriedade e a protecção da propriedade intelectual num mundo de IA transparente. Estes são o tipo de desafios ‘centrados no ser humano’ que a Fujitsu defende que sejam abordados em 2019.

5. A cloud está pronta para aplicações mission critical: está na hora de uma mudança de gerações – como evangelista da cloud, acredito que a antiga tecnologia mission critical tem cinco anos até deixar a cloud tomar o seu lugar. Já estamos a assistir ao fim dos roadmaps e, no que diz respeito ao suporte, dos velhos sistemas proprietários. A minha previsão é que 2019 assistirá ao início de um forte planeamento de mudança das aplicações mission critical para a cloud – uma sugestão que há apenas cinco anos teria sido recebida com risos.

6. Somos todos híbridos: apesar de, para a Fujitsu, já parecer óbvio há algum tempo que as hybrid IT – construídas a partir de uma combinação otimizada de cloud pública, cloud privada e TI on-premises – são o futuro lógico dos ambientes empresariais, em determinados quadrantes tem havido uma tendência para o negar. O número de soluções em cloud privada tem aumentado e ajudará a cimentar a posição da cloud, uma vez que, por motivos de desempenho, conformidade regulamentar, segurança e proximidade de outros serviços, a cloud pública só por si não dá resposta a tudo.

7. A ascensão da poli-cloud: interligada ao ponto acima, há uma grande zona de sobreposição entre as hybrid IT e o conceito relativamente novo de ‘poli-cloud’ que aponta para uma utilização de múltiplas clouds públicas e/ou privadas tendo por base a estratégia própria da organização utilizadora – que actualmente costuma ter por base o equilíbrio da carga e/ou o preço. Isso vai mudar em 2019, quando a principal questão passará a ser “como é que cada cloud numa poli-cloud apoia o impacto disruptivo do meu modelo comercial e ajuda a diferenciar o meu negócio?” Parece relativamente simples, mas tenha isto em conta: o mercado de plataformas hyper-scale está a consolidar-se de forma massiva. Se usarmos todos a mesma tecnologia, a diferenciação virá do modo como cada poli-cloud é configurada e integrada e do modelo de negócio que nela executamos.

8. Os parceiros tecnológicos vão ficar mais bem alinhados com os objectivos de negócio dos clientes: existe o risco da tecnologia pela tecnologia. A nossa Visão de Tecnologia e Serviço descreve um conceito chamado ‘digital real’ que demonstra como procuramos evitar esta armadilha. Começamos a verificar um alinhamento total entre parceiros tecnológicos e clientes através da configuração de contratos com base num resultado de negócio, em vez de na utilização de um serviço – atualmente, isso é normalmente expresso sob a forma do número de máquinas virtuais ou consumo cloud.
Em alguns sectores, este modelo já existe – as empresas de elevadores que cobram com base no número de horas de utilização ou os fabricantes de motores de avião que são pagos por horas de voo. É de contar que o modelo dê um salto maior para os serviços TI em 2019. Por exemplo, a Fujitsu criou uma aplicação baseada na cloud para reduzir os erros e as fraudes, a pedido da HMRC, a autoridade tributária do Reino Unido. Fruto dessa aplicação, a HMRC conseguiu receber mais 700 milhões de euros em impostos por ano. Em futuros modelos económicos, o número concreto de máquinas virtuais ou outros recursos utilizados tornar-se-á irrelevante e um modelo de abordagem baseado em recompensas/resultados de negócio será mais adequado para as duas partes.

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