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Eficiência energética. Como as empresas estão a passar das palavras aos atos

Empresas de vários sectores já estão a colocar em marcha várias medidas de eficiência energética. A sustentabilidade e a poupança de custos são as duas principais motivações para esta aposta.
16 Abril 2021, 15h29

São várias as empresas portuguesas e internacionais, a operar em Portugal, que estão a dar o exemplo no campo da eficiência energética. A sustentabilidade aliada à redução de custos, especialmente importante em tempo de pandemia, são as duas principais forças na origem desta ofensiva empresarial.

No caso da EDP, a eficiência energética começa em casa e a empresa já está em campo desde 2007 através do programa PPEC – Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia Elétrica, coordenado pela ERSE, “tendo posto em prática mais de 70 medidas de eficiência energética (iluminação e eletrodomésticos eficientes, motores de alto rendimento, variadores eletrónicos de velocidade, etc.), que geraram poupanças acumuladas de cerca de cinco TWh”, segundo o diretor de Sustentabilidade da EDP, António Castro.

Em termos de clientes, a EDP dá o exemplo da parceria fechada em Espanha com a cadeia Burguer King, cujo investimento em energia solar “permite cozinhar 39 milhões de hambúrgueres por ano”.

Na hora de fazer um balanço, o grupo EDP avança que no final de 2020 tinha 3,6 TWh de energia poupada com as medidas de eficiência energética nos clientes, 145 MW de potência solar instalada descentralizada; 11% da frota eletrificada e 1.900 pontos de carregamento de veículos elétricos”, de acordo com António Castro.

O próprio plano estratégico da empresa até 2025 aloca cerca de 200 milhões de euros de investimento por ano “na distribuição do solar, armazenamento de energia, eficiência energética, e-mobility e hidrogénio renovável”.

Também as empresas do sector financeiro estão atentas à eficiência energética. No Millenium BCP estão a ser implementados projetos como o “alargamento dos sistemas de monitorização de consumos energéticos a mais sucursais e edifícios centrais; a instalação de iluminação led nos edifícios da Rua Augusta, Gonçalo Sampaio e Palácio Atlântico; a instalação de uma segunda central solar fotovoltaica de 1 Mwh no Taguspark; e o estudo de instalação de painéis solares fotovoltaicos num conjunto de 20 sucursais”, explica o presidente executivo do BCP, Miguel Maya.

Em termos de frota do banco, o objetivo é atingir os 30% de descarbonização até 2025 e 80% até 2030, “conforme compromisso assumido no âmbito do Pacto Empresarial de Mobilidade de Lisboa e da Lisboa Capital Verde Europeia 2020”.

“Já em 2021, o banco garantiu ainda que toda a eletricidade consumida nas suas instalações terá uma origem 100% verde, num mix de energia produzida pela central fotovoltaica do Taguspark e de energia adquirida com certificado de origem renovável”, de acordo com Miguel Maya.

Ao mesmo tempo, o banco já disponibilizou aos seus colaboradores “diversos postos de carregamento para veículos elétricos ou híbridos no Taguspark e vamos alargar o sistema de monitorização de consumos energéticos a mais Sucursais e Edifícios Centrais do Banco e concluir, até ao final do ano, a instalação de iluminação led nos edifícios da Rua Augusta, Gonçalo Sampaio e Palácio Atlântico. A instalação da segunda central solar no Taguspark e dos painéis solares nas sucursais está prevista para o 1º semestre de 2022”, revela o presidente do BCP.

Os CTT também fazem parte do grupo de empresas que já está a implementar a eficiência energética no terreno. No caso da mobilidade, a companhia explica que tem vindo a expandir gradualmente a sua “frota alternativa de transporte e logística, a maior do país no sector logístico, que conta com cerca de 355 veículos alternativos, a maior frota alternativa do país no sector dos transportes e da logística”, segundo o diretor de comunicação e sustentabilidade dos CTT.

“Estes veículos elétricos não emitem partículas e NOx durante a sua utilização e como os CTT adquiriram 100% da eletricidade de origem renovável o impacto carbónico das viaturas elétricas é nulo, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar nas cidades”, de acordo com Miguel Salema Garção. Ao mesmo tempo, a companhia compra “eletricidade verde, proveniente de fontes exclusivamente renováveis, desde 2015”.

Outra das frentes em que os CTT estão a apostar é na instalação de “centrais fotovoltaicas em edifícios, apostando em soluções mais ecológicas e eficientes para os seus edifícios. Os CTT têm já três unidades de pequena produção operacionais e outras três em projeto”.

A empresa também vai instalar uma unidade de produção para autoconsumo no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), onde são as instalações da CTT Expresso. “A potência a instalar será de 410 kWp e irá permitir uma produção estimada de 625 mil kWh no primeiro ano, o que representa cerca de 40% do consumo anual da instalação”, explica Miguel Salema Garção.

No caso da Jerónimo Martins, a gestão mais eficiente da utilização da energia é muito importante, nomeadamente nos “projetos de remodelação e de construção de novas infraestruturas nos três países em que operamos (Portugal, Polónia e Colômbia)”, incluindo a implementação de “sistemas de controlo e gestão de energia; móveis refrigerados e arcas congeladoras com portas e tampas que evitam o desperdício de energia; tecnologias de iluminação mais eficientes (como LED) e instalação de claraboias e outros mecanismos de utilização de luz natural; ou a instalação de equipamentos geradores de energia renovável, que contribui para a redução da nossa pegada de carbono.”, explica o diretor de Ambiente Corporativo da Jerónimo Martins, Fernando Frade.

A empresa dá o exemplo do projeto Equipas para Gestão dos Consumos de Água e Energia, iniciado em 2011 nas lojas Pingo Doce e Recheio, e “em que procurámos mobilizar os colaboradores das nossas lojas em Portugal para a racionalização do uso desses recursos. Até ao final de 2020, conseguimos reduzir os consumos de energia em 48 milhões de kWh e os de água em 495.000 m3, o que equivale a uma poupança acumulada de mais de 6,2 milhões de euros”, segundo o gestor.

No caso da Sonae, a empresa explica que faz “vários esforços para promover a eficiência e flexibilidade do consumo energético. Continuámos a investir no desenho de edifícios mais inteligentes, num melhor uso de recursos e na instalação de equipamentos e sistemas mais eficientes, bem como em criar condições para uma melhor monitorização e gestão dos consumos, o que nos permite potenciar os investimentos feitos”, segundo a diretora de Marca, Comunicação e Sustentabilidade da empresa.

“Posso destacar o plano em curso de promoção de eficiência energética da Sonae MC, ou o programa Bright da Sonae Sierra nos centros comerciais, assim como a aposta em infraestruturas de excelência como o Sonae Tech Hub, o mais ecoeficiente edifício em Portugal e top 100 a nível mundial, ou a instalação da maior central fotovoltaica para autoconsumo de energia elétrica do país, no novo armazém do Entreposto da Azambuja”, explica Marta Cunha.

A Ikea é outra empresa muito atenta ao tema da eficiência energética, incluindo na mobilidade sustentável. Este ano arrancou com as “entregas de encomendas aos consumidores em carrinhas elétricas, sem emissões de gases poluentes. Para já, apenas para entregas na área da Grande Lisboa, mas o objetivo é alcançar 20% das entregas no país até agosto deste ano para que, até 2025, as entregas sejam, na sua totalidade, feitas em veículos elétricos”, afirma a responsável de Sustentabilidade da Ikea Portugal.

Outra novidade, é que as lojas Ikea já têm a venda os painéis solares SOLSTRALE, em parceria com a Contigo Energía. “São a mais recente solução para uma vida mais sustentável em casa, neste caso através da produção de energia solar doméstica, simples e acessível”, destaca Ana Barbosa.

Com mais de 150 anos de história, fundada em 1870, a Corticeira Amorim é o maior grupo de transformação de cortiça do mundo.

Com uma longa história, e precisamente por saber a importância da sustentabilidade, a empresa tem vindo a implementar “ações relacionadas com a tecnologia e a eficiência de equipamentos consumidores de energia (alteração e melhoria de sistemas de ar comprimido, iluminação, acionamentos, processos e energia térmica). Indiretamente, através da certificação do sistema de gestão de energia, a ISO 50001. A implementação desta norma permite estabelecer sistemas e processos para a melhoria do desempenho energético e para o uso e consumo de energia, nomeadamente favorecendo o uso mais eficiente das fontes de energia disponíveis. Consequentemente, permite a redução das emissões de gases com efeito de estufa e outras emissões ambientais, bem como a redução dos custos associados”, destaca António Amorim, presidente executivo da Corticeira Amorim.

A centenária companhia portuguesa revela que tem um “pipeline de medidas que pode atingir os 8%, com um investimento estimado em 4,1 milhões de euros. No entanto, as medidas que têm maior incidência no investimento são as estruturais de âmbito térmico, nomeadamente na aquisição de novas caldeiras, respetiva reestruturação da rede e diversas intervenções nas caldeiras existentes. O objetivo é aumentar a capacidade, melhorar o rendimento do pó de cortiça na produção de energia, adaptar as caldeiras à utilização de outras fontes de biomassa e reduzir as emissões atmosféricas. Recorde-se que o rácio que se pretende atingir surge no seguimento de investimentos anuais, demonstrando a consciência ambiental e otimização organizacional que a Corticeira Amorim tem levado a cabo ano após ano e de forma consistente”, de acordo com o líder da empresa.

Ao longo de 2020 foram implementadas 101 medidas de eficiência energética que resultaram num investimento de 2,1 milhões de euros, “correspondendo a uma taxa de 3,4% de eficiência energética, superando, assim, a meta anual prevista para os próximos anos”.

Por sua vez, a Tetra Pak revela que um dos seus projetos centrais é a “instalação de painéis solares nas nossas fábricas, que tem possibilitado a reconversão energética das mesmas. A Tetra Pak instalou já mais de oito mil painéis solares, o que permite gerar cerca de 2,7 megawatts de energia solar fotovoltaica e, consequentemente, energia elétrica com baixas emissões de carbono e significativas economias nos custos operacionais que temos”, de acordo com Marina Sanchez, diretora de Comunicação.

A empresa de soluções de processamento e embalagem alimentar investiu mais de 16 milhões de euros desde 2011 na área da eficiência energética.

“Há mais de duas décadas que medimos anualmente o consumo energético e as emissões de gases com efeito de estufa em todas as nossas operações, o que nos permite manter um acompanhamento próximo dos resultados que obtemos em cada medida implementada. Temos diminuído as emissões relacionadas com o consumo de energia, recorrendo a medidas de conservação e de melhoria da eficiência, para além da aposta em soluções e equipamentos em todas as unidades e operações, assim como a aquisição de certificados renováveis”, remata a responsável da Tetra Pak.

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