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Como é que o Brexit poderá afetar a rotina diária dos cidadãos?

Restaurantes, companhias aéreas, setor automóvel e tecnológico, entre outros, serão diretamente afetados. Em que é que resultará a saída em termos práticos?
  • Reuters
21 Outubro 2017, 17h00

A primeira-ministra britânica confirmou a data de 29 março de 2019 para que o Reino Unido deixe de ser membro da União Europeia e o divórcio entre as partes aproxima-se a passos largos (ainda que as negociações não se encontrem ao ritmo que o governo de Londres desejava). Apesar de ainda faltarem dados concretos, sobre a conta do ‘Brexit’ ou o acordo comercial com o bloco, em que é que resultará a saída em termos práticos? A agência Bloomberg divulgou recentemente um conjunto de setores sobre os quais haverá um impacto:                                                                                                                  

Comida e restaurantes – O dia do Brexit acontece pouco tempo antes da altura de crescimento de grande parte das frutas e legumes produzidos no Reino Unido. Sem trabalho migrante, muitos fornecedores terão dificuldade em encontrar trabalhadores legais para trabalhas na agricultura. Os supermercados estão preocupados com a comida que apodrecerá nas alfândegas e nos campos, o que fará com que os preços subam. Aumentos adicionais tornar-se-iam inevitáveis ​​caso haja uma saída sem acordo comercial, dado que o Reino Unido importa cerca de metade dos seus alimentos. Além disso, pelo menos, um em cada cinco empregados de cozinha no país, mais de uma em cada três donas de casa, e três em cada quatro empregados de mesa são emigrantes europeus.

Voos – No que às companhias aéreas diz respeito, a Ryanair alerta para a hipótese de haver meses durante os quais não haverá voos de ligação do Reino Unido à Europa – possibilidade que o ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, rejeitou. A easyJet antecipou-se, criando uma sede na União Europa, em Viena. Há quem defenda que haverá acordo nesta matéria, porque a comunidade única tem tanto a perder quanto o Reino Unido.

Indústria farmacêutica – Depois de ter perdido a sede da Agência Europeia do Medicamento – à qual Portugal (mais concretamente, o Porto se candidatou), nesta área, a maior dúvida recai sobre a livre circulação de medicamentos, o registo e o teste dos produtos. O CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, defende que pode ser “impossível” para o governo negociar novos acordos comerciais, estabelecer um quadro regulatório e desenvolver novos procedimentos para o envio de produtos a tempo.

Tecnológicas – O que está em causa para empresas tecnológicas como o Facebook e a Google são as regras de proteção de dados no caso de uma saída sem negociação. Face à entrada em vigor do Regulamento Geral da Proteção de Dados, e se a União Europeia decidir que as leis de privacidade dos dados britânicos são inadequadas, o bloco estará aberto a reclamações legais às autoridades europeias.

Fabricantes – A indústria manufatureira continua a ser uma parte fundamental da economia britânica, responsável por quase metade de todas as exportações e por dar emprego a praticamente 3 milhões de trabalhadores. Por exemplo, o setor automóvel, apesar de depender das exportações, também depende das importações dos seus componentes. As empresas irão de repente lidar com processos burocráticos que nunca trataram antes, como situações de peças que ficam presas na alfândega e são necessárias no momento para os carros. A Sociedade dos Fabricantes e Comerciantes de Automóveis local estima que as tarifas podem aumentar o custo dos carros importados em média 1.500 libras.

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