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Como Kim Yo-Jong está a aproximar as duas Coreias

O convite para os dois líderes se encontrarem foi feito durante um almoço entre Moon Jae-in, o presidente sul-coreano e Kim Yo-Jong a irmã do líder norte-coreano Kim Jong-Un.
10 Fevereiro 2018, 09h58

De acordo com o convite, transmitido pela irmã do líder norte-coreano, Kim Yo-Jong, que se encontra de visita na Coreia do Sul para assistir aos Jogos Olímpicos de inverno, o dirigente está pronto para se reunir com Moon “tão brevemente quanto possível”, segundo um porta-voz da Casa Azul, a presidência sul-coreana.

Seul explica ainda que o convite foi feito durante um almoço entre Moon e Kim Yo-Jong e que o Presidente da Coreia do Sul está disponível para o aceitar. “Vamos criar as condições para que aconteça”, terá respondido o líder sul-coreano, de acordo com o porta-voz da presidência. A concretizar-se será o primeiro encontro entre os líderes das duas Coreias em mais de dez anos.

A participação conjunta da Coreia do Norte e da Coreia do Sul nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, que se iniciaram sexta-feira, dia 9, está a ser vista pela comunidade internacional como a prova do papel pacificador que o desporto pode desempenhar. A união desportiva das duas Coreias é o culminar do trabalho desenvolvido pelo Ministério da Unificação sul-coreano, que desde há várias décadas tenta abrir caminho para o diálogo com Pyongyang.

Mesmo com os recentes episódios de trocas de ameaças nucleares entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Kim Jong-Un, chefe de Estado da Coreia do Norte, as duas Coreias vão avançar com uma equipa conjunta para participar nos jogos de inverno.

Apesar de uma longa História comum, os dois estados da península coreana estão separados desde o final da Segunda Guerra Mundial, quando americanos e soviéticos libertaram o país da ocupação colonial japonesa. A divisão tornou-se permanente com a dura guerra que as duas Coreias travaram entre 1950 e 1953, com o Norte a ser apoiado pela China e pela URSS e a o Sul a receber o apoio de uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos. A guerra terminou num impasse e, até hoje, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul permanecem tecnicamente em estado de guerra, pois o acordo de armistício não foi acompanhado de um tratado formal de paz. A participação conjunta nas Olimpíadas é, pois, um passo no sentido da reconciliação.

Desfile militar

Mais de dez mil tropas treinaram para se apresentar na parada e residentes praticaram em praças de Pyongyang com ramos de flores em plástico que serviram para formar ‘slogans’ durante o desfile.

De acordo com um responsável do Governo sul-coreano, dezenas de milhares de pessoas participaram ou assistiram à parada, esta manhã, na capital norte-coreana. Ao contrário do que tem acontecido em outras ocasiões e eventos semelhantes, os ‘media’ internacionais não tiveram acesso à parada, na praça Kim Il-sung, e a televisão estatal KCTV não fez a transmissão em direto do desfile, que percorreu as principais ruas da capital norte-coreana. O desfile realizou-se num dos momentos de maior aproximação entre as duas Coreias.

No mês passado, a Coreia do Norte anunciou que ia comemorar o dia das forças armadas a 8 de fevereiro, véspera da abertura dos Jogos Olímpicos de PyeongChang, o que causou algum mal-estar em Seul por receios de que o desfile pudesse ensombrar os acordos alcançados para a participação do Norte no evento desportivo.

O último desfile militar realizado na Coreia do Norte foi a 15 de abril último, por ocasião do 105.º aniversário do nascimento de Kim Il-sung, também dia do país.
Na ocasião, o regime de Pyongyang fez, na presença do líder, Kim Jong-un, e de centenas de meios de comunicação internacionais, uma monumental exibição de armamento e de novos mísseis, o que alarmou a comunidade internacional.

Em janeiro, os dois vizinhos chegaram a acordo sobre a participação de um ampla delegação de atletas e autoridades norte-coreanas, que incluirá a irmã do líder Kim Jong-un. Os dois países concordaram em desfilar juntos na cerimónia de abertura, sob a chamada “bandeira unificada”, dos Jogos de PyeongChang.

Estes acordos foram possíveis depois de Seul e Washington terem adiado os exercícios militares conjuntos anuais, que Pyongyang considera um ensaio de uma invasão do seu território, para não coincidirem com a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno e evitar novos testes de armas norte-coreanas durante PyeongChang 2018.

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