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Conservadores já iniciaram processo de demissão de Boris Johnson

Maia de uma dezena de parlamentares conservadores anunciaram que já pediram a renúncia do primeiro-ministro através da chamada carta de desconfiança enviada ao Comité 1922. Pode até nem resultar na demissão de Johnson, mas é uma pesada machadada na sua reputação – como bem sabe a sua antecessora, Theresa May.
4 Fevereiro 2022, 18h10

Até ao momento, o conservador Aaron Bell é o mais recente deputado a anunciar que se juntará aos parlamentares do partido para pedir a demissão do primeiro-ministro Boris Johnson. O procedimento foi pela última vez usado pelos parlamentares conservadores contra a ex-primeira-ministra Theresa May, numa altura em que a ala mais extrema do partido considerou que o país não estava suficientemente comprometido com o Brexit.

Segundo a imprensa britânica, mais de uma dúzia de parlamentares pediram abertamente que o primeiro-ministro renuncie, incluindo o ex-secretário de Defesa Tobias Ellwood e os deputados Peter Aldous e Anthony Mangnall. As cartas podem ser particulares, pelo que não é certo que não haja ainda mais deputados a juntar-se ao grupo que tornou essa decisão pública. Alguns parlamentares conservadores acreditam que o número total de cartas pode estar próximo dos 40.

Se 54 cartas forem enviadas ao presidente do Comité 1922, Sir Graham Brady, será convocado um voto de desconfiança sobre Boris Johnson – e se o primeiro-ministro perder, terá de deixar o cargo.

No ruidoso debate após a publicação do relatório de Sue Gray sobre as festas de Downing Street, Bell fez um discurso emocionado dizendo que tinha seguido meticulosamente as regras de bloqueio apesar de ter participado no funeral da sua avó sem abraçar a família. Bell confirmou que enviou a carta a Graham Brady.

“Como alguém que apoiou o Brexit e apoiou Boris Johnson para a liderança em 2019, estou profundamente desapontado por ter chegado a isto. Acredito que é do interesse do país que este assunto seja resolvido o mais rapidamente possível”, disse, citado pela imprensa britânica.

É um novo golpe para Johnson depois da saída de cinco assessores do governo em menos de 24 horas.

O Comité 1922, formado em 1923, é um grupo de parlamentares conservadores que não tenham cargos do governo e que se reúnem semanalmente para rever as estratégias e ações do partido, sendo essencial para manter o primeiro-ministro e os membros do seu gabinete no poder (quando é o partido que está instalado em Downing Street).

O comité tem uma ferramenta de voto de desconfiança que é acionado por carta (de denúncia, digamos) se um parlamentar conservador discordar da liderança do partido. Segundo as regras, caso as cartas enviada contra o primeiro-ministro cheguem aos 15% dos lugares ocupados pelo partido na Câmara dos Comuns, o comité pode convocar um voto de confiança que pode terminar com sua renúncia ao cargo.

Em dezembro de 2018, Theresa May Theresa May sobreviveu a uma moção de censura oriunda do Comité 1922, mas mais de dois terços dos deputados conservadores de então votaram contra si. Mas, mais ou menos um ano depois, desistiu de resistir e abriu as portas a Boris Johnson.

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