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Corium Biotech. Startup que cria couro exótico em laboratório abre ronda para angariar mais de um milhão

A empresa com sede no Porto está a trabalhar na transformação da indústria da moda de luxo. “Os nossos mercados prioritários são França, Itália, Reino Unido e Suíça, onde estão as principais marcas”, diz o sócio João Pinto ao Jornal Económico.
2 Maio 2023, 17h55

A startup portuguesa Corium Biotech, que desenvolve couro exótico em laboratório através de tecnologia de agricultura celular, tem uma nova ronda de financiamento em aberto para iniciar a estratégia de industrialização e internacionalização. O objetivo é angariar, pelo menos, 1,1 milhões de euros, revelou ao Jornal Económico (JE) João Pinto, sócio desta fashiontech.

A fase de validação da estratégia de industrialização, cujo intuito é acelerar a transição da indústria da moda de luxo para métodos mais sustentáveis, prolongar-se-á durante cerca de 18 meses. “Os nossos mercados prioritários são França, Itália, Reino Unido e Suíça, onde estão sediadas as principais marcas”, conta o gestor.

A Corium Biotech foi fundada em 2020 pelas empreendedoras Maria Maia e Margot Muller, doutoradas em Biologia Celular, tem a sede no Porto (UPTEC) e recebeu um investimento inicial de 100 mil euros da sociedade de capital de risco Portugal Ventures em 2021, que lhe permitiu desenvolver os primeiros protótipos. Neste momento, estando em early stage (fase inicial), a única fonte de receita é o investimento privado.

“O nosso modelo de negócio é B2B (Business to Business) sendo o objetivo principal licenciar a tecnologia para que o nosso cliente preferencial – empresas de moda de luxo que já possuem capacidade industrial e de transformação de couro – possam produzir internamente a quantidade que querem, contribuindo assim para eliminar stocks e necessidade de transporte o que torna o processo ainda mais sustentável”, diz João Pinto.

A Corium Biotech considera que o couro a partir de células animais é uma alternativa sustentável, porque este sector consome anualmente 800 mil metros quadrados de couro exótico proveniente de quintas de criação de animais exóticos ou de animais capturados no seu habitat natural de forma furtiva. Ademais, cerca de 2 milhões de répteis por ano são mortos para sustentar a moda de luxo.

Maria Maia e Margot Muller sempre tiveram este problema ambiental em mente, desde que no curso trabalharam na reconstrução de modelos humanos de pele, mas intensificou-se quando a dupla de biólogas foi a um congresso de Dermatologia à Florida e acabou por visitar o parque natural Everglades, perto de Miami e composto por uma grande comunidade de jacarés.

“Após a visita, reuniram o grupo e falaram sobre como estes animais estão em perigo, não só por causa das alterações climáticas, mas também por estarem sujeitos à caça furtiva dado o grande valor da sua pele para a indústria do luxo e da moda e a importância dos parques naturais para a conservação destas espécies”, explicou João Pinto sobre o percurso das cofundadoras da Corium Biotech.

A partir daí, lembra o sócio da startup, “tiveram a ideia de usar o know-how que tinham na reconstrução de pele humana como base para o desenvolvimento de pele de répteis em laboratório e sua transformação em couro, abrindo assim a possibilidade a que o couro exótico possa continuar a ser usado sem que isso signifique o sacrifício dos animais”.

Em menos de três anos a empresa destacou-se como vencedora da competição nacional Climate Launchpad (2020) e finalista de vários galardões de inovação, entre os quais o Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola (2021) e o Prémio de Inovação ANDAM, em França (2022), tendo ainda recebido o selo de “Impact Startup” na última edição da Web Summit em Lisboa.

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