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Covid-19: Governo “equaciona” enviar doentes para Espanha

Executivo está a acionar “todos os mecanismos” no quadro internacional. JE sabe que pedido de ajuda externa está a ser equacionado há duas semanas, nomeadamente com Espanha. Sevilha, Salamanca, Badajoz e Vigo estão no radar dos hospitais para onde poderão ser transportados doentes portugueses de Covid-19. Ministério da Saúde que “todas as hipóteses estão a ser consideradas no sentido de continuar a assegurar os cuidados de saúde aos portugueses”.
  • Manuel de Almeida/Lusa
26 Janeiro 2021, 14h37

A ministra da Saúde afirmou na segunda-feira que o Governo está a “acionar todos os mecanismos” à sua disposição a nível internacional, face à situação da pandemia, com objetivo de garantir a melhor assistência aos doentes de Covid-19, o que inclui o envio de doentes para outros países.

O Jornal Económico (JE) sabe que Espanha é um dos países que está a ser equacionado para enviar doentes portugueses para minorar os efeitos de viagens mais prolongadas no âmbito da ajuda internacional. No radar estão hospitais de Sevilha, Salamanca, Badajoz e Vigo.

A possibilidade está a ser avaliada no âmbito do pedido de ajuda internacional que está a ser equacionado há duas semanas pelo Executivo português e que ontem foi dado a conhecer por Marta Temido num programa de informação da RTP sobre a pandemia.

O JE questionou o Ministério da Saúde sobre esta hipótese em estudo, tendo fonte oficial assegurado que “todas as hipóteses estão a ser consideradas no sentido de continuar a assegurar os cuidados de saúde aos portugueses”, realçando que “num quadro de apoio externo, os mecanismos de cooperação europeia são obviamente uma possibilidade, em função da evolução que se vier a verificar”.

À RTP,  a ministra da Saúde avançou nesta segunda-feira, 25 de janeiro, que “muito dificilmente conseguimos gerir” os “recursos humanos”. Marta Temido afirmou, nesse sentido, que o Governo acionará “todos os mecanismos” de ajuda internacional.

Neste pedido de auxílio internacional, o JE sabe que o Executivo tem Espanha no radar, equacionando a possibilidade de enviar doentes de Covid-19 em hospitais da Guarda e Viseu para Salamanca e de Évora para Badajoz, bem como os doentes infetados com o novo coronavírus que estão no Algarve para Sevilha e outros hospitalizados no norte do país para Vigo.

Este envio de doentes enquadra-se ao abrigo da Diretiva europeia relativa ao exercício dos direitos dos doentes em matéria de cuidados de saúde transfronteiriços, que está relacionada com a livre circulação de pessoas e estabelece as regras destinadas a facilitar o acesso a cuidados de saúde noutro Estado-membro. Segundo esta diretiva, para acesso a determinados cuidados de saúde, nomeadamente hospitalares, ou que exijam planeamento por utilização de infraestruturas ou equipamentos altamente especializados e onerosos, poderá o Estado-Membro introduzir um sistema de autorização prévia.

Ontem Marta Temido assegurou também que o Governo português “está a acionar todos os mecanismos de que dispõe, designadamente no quadro internacional, para garantir que presta a melhor assistência aos utentes”, afirmou Marta Temido.

Questionada pela jornalista Fátima Campos Ferreira sobre se o Governo está a “equacionar pedir ajuda internacional, ajuda europeia, enviar doentes” para outros países, a ministra considerou que Portugal, geograficamente, tem uma “situação distinta” de outros países do centro da Europa, onde, “mesmo em situação normal, aspetos como a circulação transfronteiriça de doentes já acontece como uma realidade simples”.

A governante sinalizou ainda que “estamos num extremo de uma península e, portanto, com maiores constrangimentos geográficos, mas de qualquer forma, há mecanismos e há formas de obter auxílio e de enquadrar formas de colaboração e, naturalmente, que as estamos a equacionar”, realçando que é preciso ter a “consciência de que a situação europeia é toda ela preocupante”.

Confrontada com as medidas do novo estado de emergência, Marta Temido diz que Portugal tem um “confinamento extremamente austero”, num contexto em que “os jovens não podem ter frequência escolar”, que “um conjunto de atividades estão económicas encerradas” e em que “os serviços de saúde estão limitados”. “É um momento extremo, em que temos de ter a perceção que as medidas de confinamento são as mais gravosas”, revela.

Sobre as diferenças entre o confinamento de março a maio e atual, a responsável pela tutela da Saúde salienta as diferenças: “Nada é igual. As pessoas não são as mesmas, as populações atravessaram uma pandemia que dura quase há um ano, que foi forçada em ficar em casa”. É normal, por isso, que o novo estado de emergência seja distinto.

Na mesma entrevista à RTP, a ministra da Saúde referiu também que, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, existem cerca de 5.600 pessoas internadas por Covid-19 e mais de 760 em unidades de cuidados intensivos, uma realidade “imaginável” no contexto dos “planos de catástrofe do hospitais” públicos.

“Nós temos camas disponíveis, o que muito dificilmente conseguimos ainda gerir são os recursos humanos”, admitiu.

Em Portugal, morreram 10.721 pessoas dos 643.113 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. O país o único país com mais de mil casos por milhão de habitantes na média dos últimos sete dias, tendo maior incidência de contágios a 14 dias. E lidera o número de casos e mortes diárias no mundo.

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