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Credit Suisse recomenda investir em tecnologias que permitam a vida à distância em 2021

O banco suíço divulgou o ‘investment outlook’ para o próximo ano e antecipa que as ações serão a classe de ativos com melhores retornos, especialmente títulos de empresas que desenvolvem tecnologia de teletrabalho, telescola, telemedicina e comércio eletrónico.
  • Jeenah Moon/Bloomberg
25 Novembro 2020, 07h55

A incerteza transformou-se quando o ano de 2019 deu lugar ao ano de 2020. Sofreu uma mutação porque, no ano passado, era essencialmente sintomática de uma guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais — os Estados Unidos e a China —, passando a ser provocada por um inesperado novo coronavírus que criou uma pandemia à escala global, com profundas consequências económicas, em 2020.

Nos mercados financeiros, a incerteza provoca um movimento de ‘sobe e desce’ cuja intensidade depende da classe de ativos. É a volatilidade. O petróleo, esse ‘motor’ da economia mundial foi talvez o ativo que melhor testemunhou aquele movimento: a 20 de abril o preço dos futuros do West Texas Intermediate afundou mais 300% e fechou a negativos pela primeira vez na história, nos -37,63 dólares. Houve toda uma conjuntura especial que explicou esta queda do crude inesperada, incluindo o papel que a Covid-19 desempenhou, quando provocou uma paragem abrupta da atividade económica e ‘asfixiou’ a procura, em março e abril.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou na semana passada que os elevados níveis de incerteza começam a ‘achatar’, ainda que ligeiramente, tendo ainda alertado que a economia não deverá regressar aos níveis pré-pandemia antes do final do próximo ano. Mas qualquer indício de recuperação económica após uma recessão profunda em 2020 é uma boa notícia. É, por isso, altura de tentar perceber onde residem as melhores oportunidades de investimento no próximo ano.

O Credit Suisse, no seu “Investment Outlook 2021: Attractive Equity Markets amid economic recovery”, divulgado esta terça-feira, antecipa que a economia mundial vai recuperar 4,1% em 2021. A conjuntura económica deverá continuar a ser marcada por taxas de juro baixas e ou negativas “em todas as economias desenvolvidas”. Neste contexto, prossegue o documento, “as ações deverão continuar a dar retornos atrativos”.

As projeções do Credit Suisse apontam para retornos desta classe de ativos entre os 7,1% e os 9,1% no próximo ano, consoante o mercado — o mercado de ações europeias deverá ser aquele com maiores retornos (9,1%), acima dos títulos das empresas de países emergentes (8,9%) e das companhias britânicas (8,4%).

Para Michael Strobaek, global chief investment officer do Credit Suisse, “as medidas de estímulo e a recuperação da economia vão apoiar os ativos financeiros e, em particular, as ações, no próximo ano”.

O Credit Suisse aponta que os setores de atividades que maiores retornos poderão dar não serão os que estão inseridos em indústrias cíclicas, pelo menos até que a recuperação económica estabilize. E, aliada à aceleração de tendências provocada pela Covid-19, aponta para os segmentos do e-commerce, tecnologias associadas ao teletrabalho, teleescola e telemedicina.

Além da indústria tecnológica, o Credit Suisse aponta ainda para o potencial dos materiais, incluindo materiais de construção, devido à “sólida procura” que se deverá registar nas commodities, imobiliário residencial e potencialmente nova construção, nomeadamente para arrendamento.

Em sentido contrário, o Crédit Suisse não recomenda o investimento em empresas de comércio físico (brick-and-mortar) e imprensa escrita, antecipando ainda algumas dificuldades no setor da energia e financeiro.

Quando a recuperação económica estabilizar, o banco suíço estima que o “momentum económico deverá permitir que os investidores se posicionem em setores cíclicos, como viagens, hotéis e automóveis”.

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