O antepenúltimo dia da campanha eleitoral ficou marcado pela informação sobre o ritmo de crescimento da economia portuguesa, convergindo PSD e IL nas dúvidas sobre a informação prestada pelo secretário-geral do PS, António Costa, mas também pelo regresso do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, a tempo de apelar à convergência da esquerda.
Como tem acontecido, o Jornal Económico destaca três momentos da campanha.
Primeiro momento
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro disse, terça-feira, em Coimbra, que a economia portuguesa terá crescido 4,6%, no ano passado, face ao anterior, mas questionado o Instituto Nacional de Estatística (INE), este informou o canal televisivo CNN Portugal, já esta quarta-feira, que “ainda não apurou o resultado do quarto trimestre de 2021” e que “não antecipa resultados aos membros do Governo”. Foi quanto bastou para o tema chegar às caravanas.
António Costa garantiu que nunca citou o INE quando revelou os dados de crescimento económico de 2021, porque se trata de previsões que tem repetido “várias vezes” durante a campanha. “Nem sei o que é que o INE tem a ver com a questão, porque eu não citei INE nenhum, eu disse quais são as previsões que existem e que é a previsão com que temos estado a trabalhar. Agora, o INE revelará os seus números quando tiver os seus números, não percebo essa questão sequer”, afirmou.
No entanto, já o presidente do PSD, Rui Rio, o tinha criticado, acusando-o de divulgar um dado a que só teve “acesso sob reserva” por ser primeiro-ministro. “Aquilo que eu entendo que não é razoável é ele ter acesso a determinados números na sua qualidade de primeiro-ministro, acesso sob reserva, embargo, e achou que lhe dava jeito para a campanha eleitoral e, como secretário-geral do PS e candidato, resolveu divulgar esses dados”, declarou, em Leiria. Em Guimarães, o presidente da IL, João Cotrim Figueiredo, disse esperar que não haja fontes dentro do INE a “alimentar” o PS. “Não sabemos se foi ou se não foi [o INE a dar os dados a Costa], espero bem que o INE mantenha aquilo que tem sido uma qualidade técnica e uma independência que tem servido bem os interesses dos portugueses ao longo dos anos”, afirmou.
Com ou sem acesso privilegiado, o crescimento do produto interno português tornou-se um caso de campanha, pela forma, que não pelo conteúdo.
Segundo momento
A campanha eleitoral da CDU foi atribulada, desde o início, primeiro com a ausência de Jerónimo de Sousa, que foi obrigado a parar para uma operação e teve de enfrentar um período de convalescença que o afastou da caravana partidária até esta quarta-feira; depois, foi o dirigente do PCP e candidato por Lisboa João Ferreira, que tinha a missão de substituir o secretário-geral na campanha, mas que teve de se afastar e entrar em confinamento, por causa da Covid-19, tendo regressado só na terça-feira. Acabou por ser o líder parlamentar do PCP e cabeça de lista por Évora, João Oliveira, a fazer as despesas da campanha, até agora.
Jerónimo de Sousa afirmou que foi “uma acertada decisão” substituí-lo na campanha eleitoral por João Ferreira, João Oliveira e, depois, Bernardino Soares, acrescentando que “valeu a pena a experiência”. Não o disse, mas olha-se para os substitutos na campanha como possíveis – ou prováveis – sucessores na liderança.
Chegou a tempo de dizer que o secretário-geral do PS “caiu um pouco na realidade”, quando deixou cair o pedido de maioria absoluta, acrescentando que cabe agora ao PCP demonstrar-lhe que essa meta era “uma inutilidade” e aponta já a uma “convergência” pós-eleitoral, mas tendo por base soluções concretas.
Terceiro momento
Primeiro, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, disponibilizou-se para governar com o PSD, caso este consiga reunir a maioria das preferências dos eleitores no próximo domingo; depois, colocou-se como potencial ministro da Defesa, cargo para o qual recebeu a anuência de Rui Rio, com um “é uma questão de se ver, não seria a primeira vez que o CDS tinha o Ministério da Defesa”; a seguir, falou já em propostas a fazer quando fosse investido no cargo, como se de uma certeza se tratasse; agora, chegou a vez de avançar no partido, anunciando a recandidatura à liderança.
Em pouco tempo, Francisco Rodrigues dos Santos posicionou-se em todos os planos.
“Eu tenho a certeza absoluta de que nas eleições legislativas eu vou receber o presente por estes dois anos de liderança que tenho à frente do CDS, depois disso serei naturalmente recandidato ao próximo congresso e irei vencê-lo e continuar como presidente do partido e multiplicar estes aniversários por mais um bom par de anos, espero eu passados no governo de Portugal”, afirmou, em Vila Nova de Gaia. O presente parece ser o Ministério da Defesa.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com