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Crescimento do PIB foi tema de campanha, por outras razões, no dia que Jerónimo de Sousa regressou. São os momentos da campanha

Onze dias corridos na campanha eleitoral, com apenas dois para o final, a informação sobre o ritmo de crescimento da economia portuguesa tornou-se tema, com dúvidas sobre a informação prestada pelo secretário-geral do PS, mas também o regresso do secretário-geral do PCP, a tempo de apelar à convergência da esquerda.
  • Tiago Petinga/Lusa
26 Janeiro 2022, 21h06

O antepenúltimo dia da campanha eleitoral ficou marcado pela informação sobre o ritmo de crescimento da economia portuguesa, convergindo PSD e IL nas dúvidas sobre a informação prestada pelo secretário-geral do PS, António Costa, mas também pelo regresso do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, a tempo de apelar à convergência da esquerda.

Como tem acontecido, o Jornal Económico destaca três momentos da campanha.

 

Primeiro momento

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro disse, terça-feira, em Coimbra, que a economia portuguesa terá crescido 4,6%, no ano passado, face ao anterior, mas questionado o Instituto Nacional de Estatística (INE), este informou o canal televisivo CNN Portugal, já esta quarta-feira, que “ainda não apurou o resultado do quarto trimestre de 2021” e que “não antecipa resultados aos membros do Governo”. Foi quanto bastou para o tema chegar às caravanas.

António Costa garantiu que nunca citou o INE quando revelou os dados de crescimento económico de 2021, porque se trata de previsões que tem repetido “várias vezes” durante a campanha. “Nem sei o que é que o INE tem a ver com a questão, porque eu não citei INE nenhum, eu disse quais são as previsões que existem e que é a previsão com que temos estado a trabalhar. Agora, o INE revelará os seus números quando tiver os seus números, não percebo essa questão sequer”, afirmou.

No entanto, já o presidente do PSD, Rui Rio, o tinha criticado, acusando-o de divulgar um dado a que só teve “acesso sob reserva” por ser primeiro-ministro. “Aquilo que eu entendo que não é razoável é ele ter acesso a determinados números na sua qualidade de primeiro-ministro, acesso sob reserva, embargo, e achou que lhe dava jeito para a campanha eleitoral e, como secretário-geral do PS e candidato, resolveu divulgar esses dados”, declarou, em Leiria. Em Guimarães, o presidente da IL, João Cotrim Figueiredo, disse esperar que não haja fontes dentro do INE a “alimentar” o PS. “Não sabemos se foi ou se não foi [o INE a dar os dados a Costa], espero bem que o INE mantenha aquilo que tem sido uma qualidade técnica e uma independência que tem servido bem os interesses dos portugueses ao longo dos anos”, afirmou.

Com ou sem acesso privilegiado, o crescimento do produto interno português tornou-se um caso de campanha, pela forma, que não pelo conteúdo.

Segundo momento

A campanha eleitoral da CDU foi atribulada, desde o início, primeiro com a ausência de Jerónimo de Sousa, que foi obrigado a parar para uma operação e teve de enfrentar um período de convalescença que o afastou da caravana partidária até esta quarta-feira; depois, foi o dirigente do PCP e candidato por Lisboa João Ferreira, que tinha a missão de substituir o secretário-geral na campanha, mas que teve de se afastar e entrar em confinamento, por causa da Covid-19, tendo regressado só na terça-feira. Acabou por ser o líder parlamentar do PCP e cabeça de lista por Évora, João Oliveira, a fazer as despesas da campanha, até agora.

Jerónimo de Sousa afirmou que foi “uma acertada decisão” substituí-lo na campanha eleitoral por João Ferreira, João Oliveira e, depois, Bernardino Soares, acrescentando que “valeu a pena a experiência”. Não o disse, mas olha-se para os substitutos na campanha como possíveis – ou prováveis – sucessores na liderança.

Chegou a tempo de dizer que o secretário-geral do PS “caiu um pouco na realidade”, quando deixou cair o pedido de maioria absoluta, acrescentando que cabe agora ao PCP demonstrar-lhe que essa meta era “uma inutilidade” e aponta já a uma “convergência” pós-eleitoral, mas tendo por base soluções concretas.

Terceiro momento

Primeiro, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, disponibilizou-se para governar com o PSD, caso este consiga reunir a maioria das preferências dos eleitores no próximo domingo; depois, colocou-se como potencial ministro da Defesa, cargo para o qual recebeu a anuência de Rui Rio, com um “é uma questão de se ver, não seria a primeira vez que o CDS tinha o Ministério da Defesa”; a seguir, falou já em propostas a fazer quando fosse investido no cargo, como se de uma certeza se tratasse; agora, chegou a vez de avançar no partido, anunciando a recandidatura à liderança.

Em pouco tempo, Francisco Rodrigues dos Santos posicionou-se em todos os planos.

“Eu tenho a certeza absoluta de que nas eleições legislativas eu vou receber o presente por estes dois anos de liderança que tenho à frente do CDS, depois disso serei naturalmente recandidato ao próximo congresso e irei vencê-lo e continuar como presidente do partido e multiplicar estes aniversários por mais um bom par de anos, espero eu passados no governo de Portugal”, afirmou, em Vila Nova de Gaia. O presente parece ser o Ministério da Defesa.

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