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CTT mandatou Egon Zehnder para mudar o CFO

A história da mudança do administrador financeiro (CFO) dos CTT começa no descontentamento dos acionistas. Os fundos tentaram unir-se a Champalimaud para mudar administração, mas só saiu o CFO.
7 Janeiro 2018, 15h08

A Egon Zehnder foi a consultora internacional escolhida para tratar da mudança de administrador financeiro dos CTT, anunciada no passado dia 19 de dezembro, soube o Jornal Económico.

O mandato de André Gorjão Costa iria terminar em 2019, mas antes que esse mandato acabasse, o CFO dos CTT foi confrontado com a decisão do Conselho de Administração da empresa liderada por Francisco de Lacerda, de o substituir.

Para o seu lugar a Egon Zhender escolheu Guy Pacheco que irá completar o mandado até 2019. Mas não sem antes Manuel Champalimaud ter surgido com a proposta de levar José Félix Morgado para a administração dos Correios.

Fundos queriam unir-se a Manuel Champalimaud

A história da mudança do administrador financeiro (CFO) dos CTT começa no descontentamento dos acionistas.

Os fundos de investimento internacionais que têm a maioria da empresa (Global Portfolio Investments; Wellington Management Group; Norges Bank; Credit Suisse Group AG; Kairos Partners SGR; Goldman Sachs entre outros) foram ter com a Gestmin de Manuel Champalimaud (maior acionista com 11,26%), numa altura em que as ações dos CTT caíram a pique depois da empresa ter anunciado lucros a descerem 57% para 19,5 milhões nos primeiros nove meses do ano.

O objetivo dos fundos era unirem-se para convocar uma Assembleia Geral para mudar a administração, soube o Jornal Económico. Mas Manuel Champalimaud refreou os ânimos e foi decidido que o Conselho de Administração teria de cooptar um novo administrador financeiro. “O novo CFO foi cooptado pelo Conselho de Administração [onde têm assento os representantes dos acionistas], sob proposta da Comissão adequada para o efeito, que preparou a proposta com o profissionalismo habitual, respeitando o modelo de governance, e como tal com o acordo do Chairman e o envolvimento direto do CEO”, diz fonte dos CTT ao Jornal Económico.

Estávamos no dia 1 de novembro e a empresa liderada por Francisco de Lacerda caía em bolsa mais de 20% isto depois de anunciar que ia propor um corte dos dividendos dos 48 cêntimos para 38 cêntimos, com a empresa a justificar a decisão com o desempenho inferior ao esperado dos resultados operacionais. A queda em bolsa era explicada pela quebra nos lucros fruto da descida de 6,1% das entregas de correio. Já o EBITDA recuou 25% para 68 milhões de euros, num período em que os gastos operacionais aumentaram 5,6% para 23,7 milhões de euros. Os maus resultados levaram vários bancos de investimento a reverem em baixa a avaliação atribuída às ações da empresa.

A queda dos dividendos apanhou de surpresa os investidores, pois ocorreu depois dos CTT terem andado em périplo pelos acionistas. No mercado diz-se que houve da parte dos CTT “um problema de comunicação” com os investidores.

O anúncio da mudança de administrador financeiro, que estava no cargo desde 2012, ocorre no mesmo dia em que os CTT anunciaram o Plano de Transformação Operacional, para os próximos dois anos (2018-2019) que pretende ser a reinvenção da atividade dos CTT – Correios de Portugal.

O objetivo deste plano é gerar poupanças de 45 milhões de euros por ano a partir de 2020. A grande aposta para o futuro é no Expresso & Encomendas e no Banco CTT para fazer face à quebra do correio tradicional.

Guy Pacheco, que veio da Altice/PT e que não conhecia o CEO dos CTT, foi ainda designado representante para o mercado de capitais.

André Gorjão Costa foi o administrador financeiro que acompanhou Francisco de Lacerda durante todo o processo de privatização dos CTT.

A cooptação do novo administrador financeiro terá ainda de ser submetida a ratificação na próxima Assembleia Geral dos CTT.

CTT encerram balcões para cortar custos

O plano estratégico com vista a melhorar os níveis de rentabilidade dos CTT, compreende medidas a vários níveis: ajustar as políticas de Recursos Humanos e aumentar o esforço de redução dos gastos com Fundos e Serviços Externos; reforçar o programa de otimização de Recursos Humanos e racionalizar ativos não estratégicos; otimizar a rede de lojas “mantendo a proximidade com os cidadãos”; e reorganizar a rede de distribuição “para melhorar a eficiência operacional”.

Os analistas apelidaram o plano de o amplo em iniciativas de corte de custos combinadas com a venda de ativos não estratégicos. De uma forma geral, “é expectável que o plano de transformação operacional tenha contribuição positiva e ajude a contrariar a contínua queda estrutural do negócio de Correio”, disse na altura o Caixa BI que acrescentou que o mercado iria apreciar mais medidas de incremento de receitas do que iniciativas que privilegiem o corte de custos.“Salientamos também que este plano será difícil de executar e vai enfrentar pressões políticas severas e ainda contestação significativa dos sindicatos”, disse o banco de investimento.

A administração dos CTT confirmou esta semana o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação anunciado em dezembro que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos CTT, vai afetar 53 postos de trabalho. A empresa diz que “tal como já tinha sido tornado público anteriormente, confirmam o plano de adequação da sua rede envolvendo estes 22 pontos de acesso, inseridos nos mais de 2.300 existentes e dos mais de 4.000 agentes PayShop, que nesta fase ainda não tem data marcada”. Mas a medida criou contestações nas localidades. Os CTT garantem que por cada uma das 22 lojas dos CTT que vão fechar, há outro balcão a uma distância média de 1 km.

Egon Zehnder na ribalta

A consultora internacional escolhida pelos CTT e pelos seus acionistas tem sede em Zurich e tem uma subsidiária em Lisboa é e especialista em Executive Search, Leadership Strategy Services, Board Consulting, CEO Search, Digital Transformation, Executive Development e CEO Succession.

Para além deste processo dos CTT a Egon Zehnder tem o mandato do fundo Lone Star para avaliar os administradores e a alta direção do Novo Banco. No fim da avaliação, a Lone Star decidirá se mantém ou não a atual administração executiva.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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