Depois de em maio terem sido introduzidas imagens de choque nos maços de tabaco, os especialistas de prevenção de tabagismo defendem agora que Portugal deve avançar com a retirada do logótipo das marcas dos maços, como recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a OMS, o chamado ‘plain packaging’ tem um impacto maior junto da comunidade fumadora uma vez que elimina as referências publicitárias das embalagens, passando a exibir apenas imagens e avisos para desincentivar o seu consumo. A Austrália foi pioneira, em 2012, a avançar com esta medida, tendo esta também já sido aplicada em Inglaterra e na França.
Em Portugal, apesar do aumento das restrições legislativas, o consumo de tabaco diminuiu apenas cerca de um ponto percentual em nove anos. Entre janeiro e outubro terão entrado no mercado nacional cerca de 8,8 mil milhões de cigarros, mais 12% do que no período homólogo, estimando o Estado vir a arrecadar 1,5 mil milhões de euros com o imposto aplicado ao preço do tabaco. Em média, os consumidores fumam 16 cigarros por dia.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) aprova a medida apresentada mas esclarece que a prioridade neste momento é conseguir que a revisão da lei do tabaco, que prevê o alargamento da proibição de fumar a cinco metros das escolas e hospitais, seja aprovada na Assembleia da República.
O tabaco continua a ser a principal causa de cancro do pulmão – cerca de 85% dos casos. De acordo com dados da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão, surgem todos os anos cerca de 4 mil novos casos e morrem à volta de 3 700 pessoas por ano com a doença.