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Das matérias primas ao investimento. Sanções à Rússia podem afetar a União Europeia

Desde a energia ao aumento de custos de todos os preços na zona euro, são várias as formas como a Rússia pode prejudicar o bloco europeu.
9 Fevereiro 2022, 16h46

Cortar os fluxos de gás para a Europa é um dos principais trunfos económico de Moscovo se o Ocidente impuser sanções mais duras no caso de uma invasão à Ucrânia, algo que se prevê que possa afetar duramente a União Europeia (UE), segundo uma análise do “Financial Times”. Os maiores impactos serão sentidos a nível do fornecimento de energia, matérias primas e investimento.

A Rússia é o maior fornecedor de energia da UE. Cerca de 40% das importações de gás natural do bloco e quase um terço de suas importações de petróleo bruto vêm da Rússia. “A verdade é que a Europa não tem substituto para o gás russo”, disse Ronald Smith, analista da BCS Global Markets, numa altura em que as reservas de gás estão abaixo dos níveis históricos e os preços dispararam nos últimos meses, dando à Rússia maior alavancagem.

Em caso de conflito, os preços do gás natural “poderiam facilmente recuperar o pico [de dezembro de 2021 ]”, disse Andrew Kenningham, economista-chefe da Europa da Capital Economics. “O racionamento de eletricidade pode levar a economia a uma recessão”, acrescentou.

O gasoduto Nord Stream 2 da Rússia para a Alemanha também pode ter sanções impostas. No entanto, a maioria dos economistas não espera que os fluxos de gás sequem completamente, já que a Rússia quer ser vista como um fornecedor confiável de energia.

Além da energia, a Rússia figura na lista de fornecedores de matérias-primas críticas da Comissão Europeia. A Rússia fornece cerca de 40% do paládio do mundo, que é necessário nos conversores catalíticos usados ​​em veículos para limitar as emissões nocivas, e cerca de 30% do titânio, que é crucial para a indústria aeroespacial.

Os credores também estão em risco, como alertou o BCE . Cerca de 60 mil milhões de dólares são devidos a bancos da UE por entidades russas, quase quatro vezes mais do que o valor que os russos devem a bancos americanos, segundo o Banco de Compensações Internacionais. Grandes quantias depositadas em bancos da UE por entidades russas podem ser congeladas.

Sobre as possíveis consequências das sanções à Rússia, a presidente do Banco Central Europeu Christine Lagarde já avisou que o aumento das tensões pode levar a um “aumento de custos em toda a estrutura de preços” na economia da zona do euro. “A paz é muito melhor do que qualquer tipo de guerra do ponto de vista económico”, acrescentou.

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