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DBRS: Portugal vai voltar a ter um ano difícil no turismo, mas mudanças não serão permanentes

A agência de notação financeira DBRS considera que assim que a pandemia estiver mais controlada, a procura por serviços de viagens e turismo em Portugal “deverá recuperar totalmente, eventualmente”. 
8 Fevereiro 2021, 18h00

A pandemia vai continuar a penalizar o setor do turismo em Portugal, que deverá ter mais um ano difícil, com consequências para o arranque da recuperação da economia. A expectativa é da DBRS, que antecipa, contudo, que o choque no setor das viagens e turismo português deverá ser temporário e não se deverá traduzir numa alteração duradoura.

“O setor de viagens e turismo em Portugal não vai recuperar totalmente este ano. A pandemia global é tão grave no início de 2021 quanto em qualquer momento do ano passado e o lançamento da vacina na Europa tem sido mais lento do que o esperado”, salienta a agência de notação financeira, numa nota publicada esta segunda-feira.

Dando nota de que a situação epidemiológica em Portugal se tornou particularmente crítica, a agência vinca que as restrições de viagem irão continuar em vigor durante mais tempo e “muitas pessoas irão escolher novamente cancelar ou adiar os planos de viagem”.

“Dada a importância do setor turístico para Portugal, é provável que isso venha a atrasar a plena recuperação económica do país. No entanto, o choque da Covid-19 será temporário e não deverá resultar numa alteração duradoura do setor de viagens e turismo em Portugal”, antecipa, ainda que assinale que esta crise tenha “inevitavelmente” consequências graves para muitos trabalhadores e empresas, particularmente os mais expostos a estes setores.

Ainda assim, a agência com sede em Toronto, espera que a procura de serviços do setor regresse aos níveis anteriores à pandemia. “Não houve qualquer alteração estrutural nas características que tornavam Portugal um local atrativo para os turistas antes da crise”, refere, salientando que “assim que a pandemia estiver mais controlada, a procura por serviços de V&T de Portugal deverá recuperar totalmente, eventualmente”.

O setor representou 17% do PIB em 2019 – incluindo os setores com efeitos indiretos -, 19% do emprego total e 20% do total das exportações, pelo que “o choque da pandemia foi muito negativo”, ainda que o turismo interno nos meses de verão tenha amortecido ligeiramente a quebra. A DBRS realça que as atuais condições da pandemia em Portugal e nos países que mais contribuem para o turismo português sugerem um fraco início da época turística, não devendo arrancar em abril, exemplificando que em 2019, 28% dos turistas chegaram a Portugal no segundo trimestre e 34% no terceiro trimestre.

“O principal risco é o potencial dano no lado da procura na economia. É particularmente preocupante a solvência das pequenas e médias empresas expostas ao setor de V&T e um aumento persistente do desemprego de longa duração. Estas condições podem enfraquecer a qualidade dos ativos do setor bancário português”, vinca.

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