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De “inevitável” a “um perigo para a democracia”. As reações à compra do Twitter por Elon Musk

Se Musk já estava à espera das reações negativas, os comentários positivos só lhe dão força para concluir a aquisição da sua nova empresa. 
  • 1 – Elon Musk (277 mil milhões de dólares)
26 Abril 2022, 15h00

A compra da empresa Twitter por 44 mil milhões de dólares (41,2 mil milhões de euros) por parte de Elon Musk está a gerar reações mistas no mercado tecnológico mas também político. Se há quem ache que o fundador da Tesla vai melhorar a rede social, há quem concorde que a mesma compra representa um perigo.

Depois de semanas de especulação e retrocessos, tudo correu bem para Elon Musk, que levou a sua avante e comprou a empresa dona da rede social que tanto gosta. Se Musk já estava à espera das reações negativas, os comentários positivos só lhe dão força para concluir a aquisição da sua nova empresa.

O investidor e presença no Shark Tank norte-americano, Mark Cuban, não deixou de evidenciar o trabalho do homem mais rico do mundo e a sua nova aquisição. No Twitter, Cuban mostrou-se “muito surpreendido” mas evidenciou que Musk trabalhou para tal (“on the clock”) e que “vai ser divertido ver o que ele faz” com a empresa e o seu futuro.

Os também investidores Cameron e Tyler Winklevoss, gémeos responsáveis pela bolsa de criptomoedas Gemini e pelo processo imposto a Mark Zuckerberg em 2004, fizeram questão de felicitar o multimilionário. Cameron apontou que “em retrospetiva, era inevitável” o negócio concluído na segunda-feira, enquanto Tyler evidenciou ser “um ótimo dia para a liberdade de expressão”. Em tweets anteriores, os gémeos já tinham demonstrado o seu apoio à compra do Twitter por parte de Musk.

https://twitter.com/mcuban/status/1518677500607582209?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1518677500607582209%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.businessinsider.com%2Felon-musk-twitter-buyout-mark-cuban-a16z-winklevoss-2022-4

O governador do Texas foi um dos que demonstrou o seu apoio ao magnata da tecnologia, pedindo para que Musk levasse os principais escritórios do Twitter para o estado norte-americano, de forma a que este se juntasse à Tesla, SpaceX e Boring company. Segundo o “Business Insider”, a governadora de Dakota do Sul também se juntou ao pedido e disse que se o homem mais rico do mundo tivesse à procura de uma nova sede para a empresa poderia realojar-se no estado.

O fundador do blog Barstool Sports, Dave Portnoy, escreveu no Twitter que a próxima aventura de Elon Musk poderia ser o Instagram, que pertence à empresa Meta de Mark Zuckerberg.

Mas não são só investidores ou empresários a apoiar o homem mais rico do mundo. Os republicanos também já se desfizeram em elogios à compra. A jornalista republicana Tomi Lahren questionou-se no Twitter se “a liberdade de expressão voltou?”. A republicana Marjorie Taylor Greene mostrou-se preparada para o restauro da sua conta pessoal na rede social, bloqueada após o ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.

O ator Mark Hamill mostrou-se mais recatado na sua opinião, tendo escrito que se vai manter na rede social pelos seguidores “independentemente de quem é o dono”. “Fico para interagir convosco, ouvir diversas opiniões e para travar a luta! (Também para continuar aqueles tweets loucos por que sou conhecido)”, escreveu ao dia de ontem.

Mas se há quem se desfaça em elogios ou simplesmente se mantenha na rede social por tudo o que ela oferece, há quem não ache tanta piada ao novo dono e critique ferozmente a venda.

A senadora democrata Elizabeth Warren foi uma das vozes que se levantou contra a venda, na própria rede social Twitter, mostrando descontentamento. “Este acordo é perigoso para a nossa democracia. Os multimilionários como Elon Musk jogam com regras diferentes dos outros e acumulam poder para seu próprio ganho. Precisamos de um imposto sobre a riqueza e regras fortes para a Big Tech”, adiantou.

O ativista David Hogg, responsável pelo March For Our Lives, notou que os trabalhadores do Twitter devem aproveitar esta oportunidade única para se sindicalizarem

O jornalista britânico Onnik J. Krikorian admitiu que não está “ansioso pelo Twitter de Musk” e acrescentou um sinal de “RIP” ao seu tweet, dando conta do fim do propósito para que o mesmo foi criado. Ainda assim, Krikorian apontou que as pessoas não devem sair da rede social de forma imediata, uma vez que ainda existe a possibilidade de “silenciar e bloquear vozes extremistas/nacionalistas”.

A apresentadora Jessica Davies também fez questão de refletir no Twitter. “Quando o homem mais rico do mundo consegue comprar uma plataforma de rede social que é a casa de quase 400 milhões de utilizares, é altura de começar a questionar os porquês”, lê-se no perfil.

O pintor e ator John Lurie explicou ainda na rede social a razão de ser mais exclusivo que a rede social agora adquirida. “Ele [Musk] pode comprar o Twitter mas não pode comprar um dos meus quadros. O que significa que os meus quadros são mais valiosos que o Twitter. Acho que vou comer uma fatia de tarde de maçã”, adiantou.

O antigo secretário do Trabalho dos Estados Unidos de Bill Clinton, Robert Reich, levou a situação mais além. “Devemos ficar preocupados por o homem mais rico do mundo ser agora dono do Twitter? E o segundo mais rico [Jeff Bezos] ser dono do Washington Post?”. O próprio fundador da Amazon questionou-se sobre uma possível vantagem da China nos Estados Unidos depois do avançar do negócio, uma vez que as empresas de Elon Musk têm estado ligadas ao multimilionário.

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