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De Marvila para o mundo. Como Lisboa veste as grandes estrelas das séries e de cinema

O segredo, reconhecido por ser a alma do negócio desta empresa espanhola com 164 anos de existência, é algo que Alejandro Toledo garante que os seus adversários não têm. “Nó somos facilitadores, ou seja, tudo o que não temos, conseguimos”, assumiu o dono da Peris Costumes ao JE.
  • Jornal Económico
3 Março 2020, 08h15

Maria Gonzaga é uma das figurinistas portuguesas mais reconhecidas na Europa e no mundo, e isso pesou na decisão da Peris Costumes de apostar em Portugal e na marca Gonzaga. O armazém da empresa de origem espanhola, em Marvila, parece um guarda-roupa com mais de 4.500 metros onde cabem fardas policiais, roupa de época, vestidos de casamento, roupa atual e vestes paroquiais, unindo peças de roupa do grupo Anahory, Plural, Coral e Maria Gonzaga.

A Peris Costumes nasceu em 1856 mas foi em 2012 que Alejandro Toledo adquiriu a empresa com o objetivo da internacionalização. Maria Gonzaga foi a desculpa ideal para o primeiro destino de internacionalização ser Portugal, mais especificamente Lisboa e o armazém em Marvila.

Com mais de cinco milhões de peças de roupa em exposição num armazém gigantesco, o principal negócio da Peris Costumes é o aluguer de roupa, embora produzam fatos completos para os cenários e personagens de diversas séries e filmes internacionais, mas também nacionais. Além de se concentrarem nas produções para projetos, o espanhol confessou que, de vez em quando, criam roupas próprias para adicionar ao stock. 

Com a produção de artigos localizada em Lisboa, Alejandro admite que fizeram o último filme de “Maléfica – Parte II”, o último filme de “Kingsman”, “Loving Escobar” e no último “Exterminador Implacável”. Nas séries internacionais, o atelier em Lisboa já produziu para a série “Vikings”, “Last Kingdom”, “Chernobyl” e “The Crown”. Mas não só de películas internacionais se faz o currículo da Peris Costumes e dos 32 colaboradores que têm, entre os quais uma antiga guarda prisional e uma professora.

Na lista portuguesa surgem nomes como “Ouro Negro”, “Variações”, “Soldado Milhões” e muitos outros, sendo Paulo Branco o realizador para quem mais produzem. Nas parcerias, Alejandro Toledo realça que trabalham regularmente com a HBO, Netflix e Disney+, com o número de colaborações a ultrapassar as 150.

A mudança para Lisboa prendeu-se com a “lacuna de um atelier para a confeção dos próprios fatos”, como confessou Alejandro Toledo ao Jornal Económico. A escolha de Portugal surgiu devido à tradição e ligação que o país tem com a linha e a agulha. O facto do país ser vizinho à casa-mãe, em Espanha, pode ser encarado como um bónus, mas que também serve “para atrair clientes”.

A escolha da Maria deveu-se então ao facto de esta ser conhecida na Europa, embora Alejandro distinga que Maria Gonzaga é como “uma segunda mãe”. A cumplicidade entre os dois é notória, apesar de só se terem conhecido a “15 de novembro de 2015”, data que o espanhol parece saber de cor. “Eu adotei-o como filho e ele como mãe”, diz a figurinista ao JE. “A primeira vez que a mãe dele veio cá a Portugal conhecer-me, ele apresentou-se à mãe como uma segunda madre”. 

O segredo, reconhecido por ser a alma do negócio desta empresa espanhola com 164 anos de existência, é algo que Alejandro quase que garante que os seus adversários não têm. “Nó somos facilitadores, ou seja, tudo o que não temos, conseguimos”, assumiu o dono ao JE, acrescentando que ou procuram pelo mundo ou colocam mãos à obra “para dar um serviço 100% ao cliente”. “Temos a capacidade, no grupo todo, de fazer roupa normal, de época, fardas militares, e até temos uma fábrica de sapatos em Espanha”, destaca.

O investimento foi de dois milhões de euros, mas o retorno, com o serviço de aluguer de roupas para épocas festivas ou para anúncios, supera os dois milhões de euros por ano. A expansão para o mundo fora já vai longa com o México e Praga a destacarem-se como as mais recentes aberturas, além dos espaços com que já contam na Hungria, Áustria, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Bélgica.

‘Peris Costumes’: vestir estrelas de TV e cinema a partir de Lisboa

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