Como um apaixonado por ciência e tecnologia, a notícia que mais me inspirou nas últimas semanas foi o tenso, mas, em última análise, bem-sucedido lançamento do telescópio espacial James Webb da NASA. O telescópio Hubble transformou por completo a nossa compreensão do universo; o telescópio Webb promete levar essa compreensão para níveis completamente novos nos próximos anos. Uma magnífica oportunidade para a humanidade desbravar muitos mais dos mistérios do cosmos.

Este é o resultado de mais de 20 anos de árduo trabalho de centenas de talentosos cientistas e engenheiros nos EUA, Reino Unido e outros 13 países.

No momento em que escrevo, o telescópio espacial James Webb move-se a uma velocidade de cruzeiro na ordem dos 900 km/h, está a cerca de 106 mil quilómetros do seu destino final, o ponto de Lagrange L2, localizado a 1,5 milhões de quilómetros entre a Terra e o Sol.

Todos os olhos estão agora postos na próxima fase desta iniciativa, quando o telescópio começar a recolher dados que os cientistas irão analisar para explorar a história do universo que se seguiu ao Big Bang.

O telescópio Webb vai espreitar através de nuvens de poeira no espaço para permitir aos cientistas determinarem como se formaram as primeiras galáxias. As suas imagens irão permitir-nos ver o nosso próprio sistema solar de formas totalmente novas e com um nível de detalhe sem precedentes.

O Reino Unido, como membro da Agência Espacial Europeia (ESA), teve um papel fundamental na Missão, liderando o consórcio europeu que construiu um dos quatro instrumentos, o MIRI (Instrumento Infravermelho Médio).

O MIRI permitir-nos-á ver a luz ténue das estrelas mais distantes e recuar como nunca antes no tempo. Olhando através de inimagináveis distantes nuvens de pó e gás, ser-nos-á possível assistir ao nascimento de estrelas. A verdade é que nunca tivemos um grande telescópio na gama do infravermelho médio.

O Reino Unido investiu 20 milhões de libras (cerca de 24 milhões de euros) no desenvolvimento do MIRI e estimulou a participação de 14 empresas e universidades para trabalharem em conjunto para produzir um instrumento com potencial para mudar a nossa compreensão do universo. A história do MIRI é um excelente exemplo do que faz do Reino Unido um ótimo destino para investigação e negócios.

As descobertas científicas e os desafios técnicos associados têm o potencial de inspirar estudantes a tornarem-se a próxima geração de cientistas e engenheiros espaciais. As universidades e os institutos de investigação britânicos oferecem uma excelente plataforma para tornar esta ideia uma realidade, e esta tem sido uma parte importante do percurso para muitos dos brilhantes cientistas portugueses.

Isto em contrapartida tem contribuído para o sucesso de instituições portuguesas nesta área, com cientistas portugueses envolvidos em nove dos 89 programas aprovados, sob coordenação da ESA.

O espaço permanecerá sempre como uma fronteira aberta para descobertas e colaborações. A formidável realização da missão do telescópio espacial James Webb é uma consequência da partilha de conhecimentos tecnológicos de muitos países e pessoas. Como tal, constitui um acontecimento decisivo de colaboração internacional na área da ciência e tecnologia.