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De repor prateleiras na Bershka a gerir a Inditex. Marta Ortega quer levar Inditex de ‘fast’ a ‘high-fashion’

A filha do fundador da Inditex e presidente da empresa há um ano admite que não reconhece que a empresa esteja sob o selo de ‘fast-fashion’, uma vez que a roupa vendida tem qualidade. Para se demarcar do título pejorativo, Marta Ortega delineou uma nova estratégia, que levou a um aumento de vendas e a bons resultados na bolsa.
31 Março 2023, 14h50

Começou aos 23 anos a repor prateleiras na Bershka e hoje senta-se na cadeira mais poderosa da dona dessa mesma loja, a Inditex. Sempre se pensou que Marta Ortega Peréz fosse apenas mais uma herdeira do império construído pelo seu pai, o empresário e magnata espanhol Amancio Ortega, mas está a conseguir destacar-se ao leme de uma das empresas mais poderosas do mundo

Ao fim de um ano de presidência, Marta Ortega já se mostrou pronta para mudar a imagem que o mundo tem da empresa de moda ser fast fashion. Em entrevista ao “Financial Times”, a presidente da dona da Zara diz mesmo que “não nos reconhecemos nesse rótulo” de vender roupa a preços mais baratos para levar a um maior consumismo por parte dos seus clientes.

Para Ortega Peréz, fast fashion consiste em má qualidade e muitas vendas. Pensar em moda rápida é pensar “na quantidade de produtos que não são vendidos e na má qualidade das peças de vestuário focadas em serem vendidas a um preço muito barato. Isso não pode estar mais longe do que o que fazemos”.

Ao leme da gigante retalhista há um ano, a empresa quer agitar as águas e levar as marcas da Inditex mais além, afastando-a da fast-fashion e aproximando-a da high-fashion, ainda que não se aproxime demasiado do luxo. Esta mudança, segundo analistas consultados pela “Reuters”, pretende atrair consumidores aspiracionais.

E a estratégia parece estar a resultar. De facto, há algo que Marta conquistou que o seu pai nunca conseguiu. A filha mais nova do empresário levou a dona da Zara a superar, pela primeira vez, lucros de quatro mil milhões de euros no ano passado.

A presidente aumentou as vendas e os lucros, apesar dos custos mais elevados para a empresa (por conta da inflação) e para os consumidores por causa do aumento de preços inerentes à inflação e à nova estratégia.

Uma analista de investimento do Bestinver nota que Marta “reposicionou a Zara um pouco mais acima” do que a empresa estava habituada. Para uma fonte dentro da empresa, Ortega tem sido “central” no processo de aceleração da estratégia focada na high-fashion, estando a focar-se na nova definição de marca e produto da Zara.

Aos 39 anos de idade e após 16 anos na empresa (indo subido na cadeia), mas envolvida na empresa ainda antes de ter nascido, Marta Ortega já provou que sabe o que quer para o futuro da empresa que herdou do pai e o mercado concorda. Desde que Marta avançou na presidências, as ações da Inditex já subiram 50%, e levaram a filha de Amancio a receber 834 mil euros anuais pelo seu desempenho.

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