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Deco: Viseu, Leiria e Braga são as cidades com mais qualidade de vida

Habitação, custo de vida e emprego e mercado de trabalho são as áreas que originam habitantes mais insatisfeitos. A pandemia veio piorar a qualidade de vida nas 12 cidades analisadas, mas Leiria foi o município com melhor desempenho durante a crise do coronavírus.
26 Março 2021, 18h00

Os habitantes de Viseu, Leiria e Braga são os que se encontram, em geral, mais satisfeitos com o local onde vivem. Custo de vida, a segurança e criminalidade e a limpeza e gestão de resíduos são as que têm maior impacto na qualidade de vida nas cidades. Já quem está em Évora, Lisboa, Porto e Setúbal encontra no fim a tabela de 12 cidades analisadas, onde está no topo Leiria como o município com melhor desempenho durante a crise do coronavírus, revela a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco).

“Entre os quase 3.500 portugueses que responderam ao inquérito da Deco Proteste sobre a qualidade de vida nas cidades, os habitantes de Viseu, Leiria e Braga são os que se encontram, em geral, mais satisfeitos com o local onde vivem. Já quem está em Évora, Lisboa, Porto e Setúbal encontra mais razões que desagradam nos respetivos centros urbanos”, revela o inquérito da Deco Proteste, divulgado nesta sexta-feira, 26 de março.

Segundo a Deco, das dez vertentes avaliadas, o custo de vida, a segurança e criminalidade e a limpeza e gestão de resíduos são as que têm maior impacto na qualidade de vida nas cidades, destacando Viseu como a cidade que se encontra acima da média nestes três critérios.

“No último estudo que publicámos sobre a qualidade de vida nas cidades, em julho de 2012, Viseu tinha já o índice mais elevado”, recorda a Deco, dando conta de que para cada área avaliada, foi perguntado aos portugueses qual a avaliação que faziam entre o momento em que responderam (final de 2020) e o período imediatamente anterior à crise do coronavírus.

O inquérito da Deco Proteste destaca que embora na maioria das cidades os inquiridos defendam que está tudo na mesma, há diferenças nalguns critérios. “É o caso de um terço dos lisboetas que responderam ao inquérito, os quais consideram que o meio ambiente e a poluição melhoraram. Para esta opinião, deve ter contribuído o confinamento e o menor número de carros a circular em Lisboa”, explica.

Mercado da habitação não agrada a inquiridos

De acordo com a Deco Proteste, o inquérito procurou conhecer o nível de satisfação com dez áreas fundamentais no dia-a-dia, sobretudo quando se vive num grande centro urbano. A análise revela, assim, as cidades que se situam acima e abaixo da média em cada uma, e é indicado o índice de satisfação alcançado numa escala de 1 a 10. As áreas estão ordenadas pelo índice médio obtido, com a segurança e criminalidade acima de 7,4 em Coimbra (7,4), Castelo Branco (7,6), Viseu (7,8) e Viana do Castelo (7,8).

Outras das áreas analisadas foi a educação, a revelarem também o índice mais elevado: Braga e Coimbra (7,5), Viana do Castelo e Viseu (7,4), destacando abaixo da média Aveiro (6,6) e Évora (6,5).

Também o mercado da habitação foi avaliado, nomeadamente a oferta de casas e os respetivos preços, sinalizando-se esta área com uma apreciação média mais baixa: 5,1 em 10 pontos com Évora (4,1) na cauda da tabela e Castelo Branco no topo (5,9).

Nas três cidades com um índice mais baixo nesta área, mais de 60% dos inquiridos revelaram-se insatisfeitos com o mercado da habitação (Évora, Lisboa e Faro).

Já o custo de vida (5,5) e o emprego e mercado de trabalho (5,6) são outras áreas com uma apreciação média baixa. No custo de vida, Castelo Branco, Viseu e Braga surgem nos três primeiros lugares e abaixo da média estão Faro, Lisboa e Évora. Já no emprego e mercado de trabalho Braga, Lisboa e Castelo Branco colocam-se cima da média, enquanto Setúbal, Évora e Faro posicionam-se abaixo do valor médio.

Para a Deco Proteste não será indiferente a estes resultados a crise que afetou o País há dez anos, nem as consequências que a pandemia está a ter para todos os cidadãos, em geral, e determinados setores, em particular. “Por exemplo, cerca de metade dos inquiridos de Évora e Faro consideram que o mercado da habitação está pior do que antes da pandemia. Em relação ao emprego e mercado de trabalho, cerca de 60% ou mais dos inquiridos de todas as cidades referiram que piorou. Quanto ao custo de vida, só em Évora, Setúbal e Porto, mais de metade dos habitantes indicaram que a situação estava pior do que antes da crise do coronavírus”, explica.

Apesar de tudo, conclui o inquérito da Deco Proteste, as cidades são consideradas seguras e os habitantes estão satisfeitos com a educação, pois estas duas áreas atingiram o índice de satisfação médio mais elevado: 7 pontos em 10 possíveis. “Contudo, mais de um terço dos inquiridos de Braga consideram que a segurança diminuiu com a pandemia. Quanto à educação, perto de um terço dos habitantes de Évora e quase um quarto dos de Lisboa defendem que também piorou com a covid-19”, acrescenta

Pandemia reduziu qualidade de vida

O inquérito da Deco Proteste incidiu também na opinião dos inquiridos sobre a qualidade de vida há cinco anos, há dois anos, imediatamente antes da crise do coronavírus e quando responderam ao inquérito, entre outubro e novembro de 2020. “Procurámos, assim, obter a perceção dos portugueses quanto à recuperação da crise económica originada pelo pedido de ajuda externa e os anos da troika até ao momento que a pandemia obrigou a fechar o País”, adianta.

Conclusão: “foi unânime que a crise do coronavírus diminuiu a qualidade de vida em todas as cidades. Enquanto nos anos anteriores se tinha mantido relativamente estável, só com algumas subidas e descidas ligeiras em certos centros urbanos, o final de 2020 veio piorar o cenário”.

Leiria lidou bem com a crise, diz Deco

“Mas terão as câmaras lidado bem com os desafios originados pela pandemia?”, questiona a Deco, para em seguido considerar que, em geral, desde o início da pandemia que se verifica “uma diminuição da satisfação” dos portugueses com o desempenho das câmaras municipais das cidades analisadas.

O inquérito da Deco Proteste conclui que os inquiridos de Leiria revelaram-se os mais satisfeitos com o desempenho municipal, desde o momento em que a crise do coronavírus começou (março de 2020) até à altura em que preencheram o inquérito, no final de 2020, apesar de um decréscimo do nível de satisfação.

“Mais do que levar os portugueses a mudar de cidade, esperamos que este estudo ajude os municípios a descobrirem o que têm de melhorar para conseguirem cidadãos mais satisfeitos”, conclui.

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