A defesa de Donald Trump no seu julgamento de destituição no Senado norte-americano classificam o processo como “uma injusta e flagrantemente inconstitucional vingança política”, numa altura em que o Politico reporta que há incerteza dentro do Partido Republicano sobre quantos senadores da bancada que defendeu o antigo presidente nos últimos quatro anos votarão a favor do seu impeachment.
Usando apenas três das 16 horas disponíveis para as suas alegações iniciais, a equipa de advogados representantes do magnata nova-iorquino procurou reescrever a narrativa expressa pela acusação da invasão ao Capitólio de 6 de janeiro, afirmando que o então presidente apelou à paz durante a insurreição dos seus apoiantes em Washington.
Os representantes democratas responsáveis pela instauração do processo haviam recordado na quinta-feira que Trump apelidou a multidão de “muito especial” e afirmou que a amava, pedindo que fossem para casa depois de um dia inesquecível.
Os advogados apresentaram também um vídeo em que exibiam várias declarações de figuras do Partido Democrata, incluindo a atual dupla presidencial de Joe Biden e Kamala Harris, mas também os líderes no Congresso Nancy Pelosi e Chuck Schumer, a apelarem a diversas “lutas” e combates.
A defesa do empresário alegou que foge às competências do Senado julgar um antigo presidente quando este já não ocupa o cargo e procurou enquadrar o discurso incendiário para os protestantes na ‘Marcha Salvar a América’ como ao abrigo da 1ª Emenda, que protege a liberdade de expressão nos EUA.
A expectativa da equipa legal do anterior presidente é que estejam seguros os votos necessários para impedir a condenação e subsequente impedimento de se voltar a candidatar a cargos públicos, mas dentro do Partido Republicano há quem tenha menos certezas.
Depois de seis senadores republicanos terem votado a favor da abertura do processo levantado pela Câmara dos Representantes, a ausência de uma contagem interna está a gerar algum mistério e interrogações quanto ao desfecho deste julgamento. A acrescentar ainda mais a esta indefinição está a ausência de uma tomada de posição de Mitch McConnell, o líder do partido no Congresso e a sua figura mais proeminente atualmente.
O senador pelo Kentucky repetiu ao longo das últimas semanas aos seus colegas de bancada que o voto era uma questão de “consciência”, tendo sido omisso publicamente em relação ao assunto desde que apontou a Trump a culpa pela insurreição de 6 de janeiro. Por outro lado, o político de 78 anos votou contra a subida ao Senado do processo de impeachment e um voto ao lado dos democratas abalaria fortemente a sua posição dentro do partido, numa altura em que este vai já preparando as eleições intercalares de 2022.
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