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Defesa de Trump considera processo de ‘impeachment’ uma “inconstitucional vingança política”

A defesa do antigo presidente escudou a sua intervenção perante a multidão que viria a invadir o Capitólio como ao abrigo da 1ª Emenda, procurando retratar vários políticos democratas como incitadores de violência. Dentro do Partido Republicano há alguma incerteza sobre ao desfecho do processo, visto que não é claro quantos senadores da sua bancada votarão a favor da destituição.
12 Fevereiro 2021, 22h03

A defesa de Donald Trump no seu julgamento de destituição no Senado norte-americano classificam o processo como “uma injusta e flagrantemente inconstitucional vingança política”, numa altura em que o Politico reporta que há incerteza dentro do Partido Republicano sobre quantos senadores da bancada que defendeu o antigo presidente nos últimos quatro anos votarão a favor do seu impeachment.

Usando apenas três das 16 horas disponíveis para as suas alegações iniciais, a equipa de advogados representantes do magnata nova-iorquino procurou reescrever a narrativa expressa pela acusação da invasão ao Capitólio de 6 de janeiro, afirmando que o então presidente apelou à paz durante a insurreição dos seus apoiantes em Washington.

Os representantes democratas responsáveis pela instauração do processo haviam recordado na quinta-feira que Trump apelidou a multidão de “muito especial” e afirmou que a amava, pedindo que fossem para casa depois de um dia inesquecível.

Os advogados apresentaram também um vídeo em que exibiam várias declarações de figuras do Partido Democrata, incluindo a atual dupla presidencial de Joe Biden e Kamala Harris, mas também os líderes no Congresso Nancy Pelosi e Chuck Schumer, a apelarem a diversas “lutas” e combates.

A defesa do empresário alegou que foge às competências do Senado julgar um antigo presidente quando este já não ocupa o cargo e procurou enquadrar o discurso incendiário para os protestantes na ‘Marcha Salvar a América’ como ao abrigo da 1ª Emenda, que protege a liberdade de expressão nos EUA.

A expectativa da equipa legal do anterior presidente é que estejam seguros os votos necessários para impedir a condenação e subsequente impedimento de se voltar a candidatar a cargos públicos, mas dentro do Partido Republicano há quem tenha menos certezas.

Depois de seis senadores republicanos terem votado a favor da abertura do processo levantado pela Câmara dos Representantes, a ausência de uma contagem interna está a gerar algum mistério e interrogações quanto ao desfecho deste julgamento. A acrescentar ainda mais a esta indefinição está a ausência de uma tomada de posição de Mitch McConnell, o líder do partido no Congresso e a sua figura mais proeminente atualmente.

O senador pelo Kentucky repetiu ao longo das últimas semanas aos seus colegas de bancada que o voto era uma questão de “consciência”, tendo sido omisso publicamente em relação ao assunto desde que apontou a Trump a culpa pela insurreição de 6 de janeiro. Por outro lado, o político de 78 anos votou contra a subida ao Senado do processo de impeachment e um voto ao lado dos democratas abalaria fortemente a sua posição dentro do partido, numa altura em que este vai já preparando as eleições intercalares de 2022.

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