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Desafios tecnológicos, burocracia, renováveis e perda de água em debate

A transição energética em Portugal e na Europa esteve em debate na conferência do sexto aniversário do Jornal Económico.
2 Outubro 2022, 20h00

A transição energética representa um desafio “tecnológico”. Neste momento, é preciso resolver “um conjunto de problemas” como o “armazenamento em ciclo longo”, disse o economista Eduardo Catroga durante a conferência do sexto aniversário do Jornal Económico.

No caso do hidrogénio verde, Eduardo Catroga também identifico desafios tecnológicos, em que a “variável de tempo vai ser determinante”. “A humanidade vai conseguir encontrar soluções tecnológicas competitivas, nomeadamente para o pilar de segurança energética, mas exige tempo”, afirmou o economista, defendendo que “sem investimento não há transição energética acelerada”.

As declarações do antigo ministro das Finanças tiveram lugar a 16 de setembro no evento organizado pelo JE durante o painel dedicado ao tema ‘Portugal, a Europa e a transição climática e energética’.

Presente no mesmo debate, o presidente executivo da Greenvolt defendeu a necessidade de acelerar as energias renováveis, mas alertou para os problemas de licenciamento. “As energias renováveis são baratas, em termos de custo, não obstante os custos de investimento. O problema é ter projetos aprovados. Quem os tiver ganha. Não é falta de dinheiro, mas de licenciamento”, afirmou.

Já o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) destacou que a guerra na Ucrânia veio acelerar a transição energética. “A Europa já percebeu há muito tempo que tem de diminuir a dependência de combustíveis externos. A guerra na Ucrânia veio revelar que a opção estratégica da Alemanha estava a ser mais lenta do que devia ser e tem de ser acelerada”.

Em relação a Portugal, defendeu o fim da dependência face ao exterior. “Não podemos suportar quatro mil milhões de euros de exportação de divisas em combustiveis fosseis”.

Sobre a subida dos preços de eletricidade, destacou que na Península Ibérica “não estamos a ver esses preços. Apostamos cedo nas renováveis. O preço da eletricidade em Portugal não se compara hoje aos outros paises. Temos sete mil milhoes de euros de investimento em renovaveis”.

Em relação à burocracia que envolve os processos de licenciamento, Nuno Lacasta disse que o “tema da burocracia é central. Temos de simplificar muito mais, temos de acelerar. 18% dos projetos que nos chegam às mãos estão mal instruídos. Temos de começar a desenhar mais cedo os projetos com os promotores. A APA está a promover um guia de licenciamento com os promotores”.

O presidente da Finerge Pedro Norton, por sua vez, sublinhou que o desafio “pela frente é brutal, mas Portugal tem estado na linha da frente, com objetivos claros. Temos ideias claras, pelo menos, objetivos. Vale a pena olhar para o que foi feito. Desde 2005, o paradigma no sector electroprodutor mudou completamente. Temos percorrido um caminho importante. Tem havido alguma constância de políticas públicas nesta matéria, e isso é muito positivo. Do ponto de vista tecnológico, há muitos desafios para resolver, mas nas tecnologias mais convencionais, o progresso é extraordinário. Tem havido do lado dos privados mobilização de recursos financeiros”.

Por seu turno, a presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) Vera Eiró abordou as perdas de água na rede de distribuição: “Estamos aqui há uma hora, já se perderam oito piscinas olímpicas. Em situação de escassez é uma perda estratégica. A questão das perdas reais está enterrada. O que temos de fazer é valorizar esta indústria. Estamos a pensar na necessidade de fazer investimentos na rede. Há um investimento de base que tem de ser feito. É preciso investimento e vontade política municipal. Temos de tornar isto uma prioridade nos municípios e de quem vota nas autárquicas. As perdas são reais”.

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