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Destituição de Trump avança com apoio de alguns republicanos na Câmara dos Representantes

Depois de anos de apoio quase incondicional, a invasão do Capitólio após o discurso inflamatório e cheio de falsidades de Trump na passada quarta-feira parece ter marcado um ponto de viragem para alguns republicanos, que se colocam agora do lado daqueles que pedem o afastamento do presidente.
13 Janeiro 2021, 12h27

Vários congressistas republicanos manifestaram o seu apoio à destituição do presidente Trump, quando a sua presidência entra na última semana, na sequência da invasão ao Capitólio pelos seus apoiantes no passado dia 6 de janeiro. O “New York Times” adianta ainda que o líder da maioria republicana no Senado se mostrou satisfeito por ver a Câmara dos Representantes avançar para novo impeachment a Trump.

O apoio republicano que tem protegido o ainda presidente durante alguns dos momentos mais tensos e polémicos do seu mandato parece estar a desaparecer, depois de vários representantes republicanos anunciarem que votarão a favor do processo de destituição a Trump, o segundo do seu mandato. Neste grupo figura a terceira representante mais antiga na Câmara, Liz Cheney, a filha do antigo vice-presidente Dick Cheney e apontada como uma das figuras mais promissoras do partido.

“O presidente dos EUA convocou esta multidão, organizou-a e acendeu a chama deste ataque. Tudo o que se seguiu foi obra sua. Nada disto teria acontecido sem o presidente. O presidente poderia ter intervindo imediata e forçosamente para parar a violência. Não o fez. Nunca antes tinha havido uma maior traição por um presidente dos EUA ao seu cargo e ao seu juramento perante a Constituição”, lê-se no comunicado em que a representante pelo Wyoming faz saber que votará a favor da proposta.

Juntam-se a Cheney outros representantes republicanos, nomeadamente Adam Kinzinger, Fred Upton e John Katko, que também votarão a favor da resolução da Câmara para abrir no Senado um julgamento ao presidente cessante. Este é um cenário radicalmente diferente do que se verificou no primeiro processo de destituição de Trump.

Apesar de ser ainda incerto se o julgamento no Senado reunirá a maioria qualificada de dois terços necessária para destituir o 45º presidente dos EUA, Mitch McConnell, o líder dos republicanos no órgão, terá ficado agradado com a iniciativa democrata, conforme reporta o New York Times. O jornal revela que McConnell considera benéfico para o Partido Republicano este processo, na medida em que facilitará o virar de página em relação ao atual presidente.

No entanto, o senador pelo Kentucky não revelou o seu sentido de voto. Dada a maioria republicana no Senado, seriam necessários 17 senadores do partido votarem a favor da destituição do seu presidente para que Trump fosse efetivamente removido do cargo.

O processo de impeachment seguirá assim no Congresso, depois de Mike Pence informar formalmente que não invocará a 25ª Emenda. O vice-presidente justificou a sua decisão afirmando não acreditar “que esse curso de ação seja no melhor interesse do país e consistente com a Constituição”, como se pode ler na carta que enviou à líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi. O órgão havia aprovado uma resolução a pedir formalmente a Pence que agisse para remover Trump da Casa Branca.

Entretanto, Trump fez esta terça-feira aquela que deverá ser a sua última visita presidencial, quando se deslocou à fronteira com o México para assinalar a evolução de uma das suas obras mais marcantes, o muro com os vizinhos do sul. O cessante não mostrou quaisquer remorsos pelos atos da passada quarta-feira, defendendo que as suas declarações foram “totalmente apropriadas”.

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