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Diamantes: Negócio de 300 mil milhões vive à custa de crianças e escravos, alerta Human Rights Watch

Os diamantes geram receitas anuais globais de cerca de 300 mil milhões de dólares mas apesar de as empresas se esforçarem por limpar a imagem do setor, trabalho infantil e escravo continua a ser usado, segundo a Human Rights Watch.
12 Fevereiro 2018, 17h52

Ouro e diamantes são para muitos os ingredientes para o presente perfeito de Dia dos Namorados. Para outros, são uma profissão. Neste último grupo, incluem-se pelo menos um milhão de crianças, segundo dados da Human Rights Watch (HRW). Com a aproximação do dia dedicado aos casais, a organização alerta que a exploração de diamantes continua a implicar trabalho infantil e escravo.

“Para milhões de trabalhadores, a mineração de ouro e diamantes são uma importante fonte de rendimento. Mas as condições podem ser brutais”, explica um relatório da organização.

Cerca de 90 milhões de quilates de diamantes e 1.600 toneladas de ouro são minerados para joalharia anualmente, gerando receitas de cerca de 300 mil milhões de dólares (cerca de 245 mil milhões de euros). Nos Estados Unidos, por exemplo, é gasto mais dinheiro em jóias no Dia de São Valentim e Dia da Mãe que em qualquer outro dia, sendo que no ano passado foram gastos 10 mil milhões de dólares nos dois dias.

No entanto, a HRW também refere que “crianças magoam-se e morrem a trabalhar em pequenas minas de ouro e diamantes”, enquanto “populações indígenas e outros residentes locais são forçados a mudar-se”. “Em guerra, civis têm sofrido enormemente com abusos de grupos armados que enriquecem à custa da exploração de ouro e diamantes”, refere.

A estimativa da organização aponta para que, pelo menos, um milhão de crianças trabalhe no setor, o que constitui uma violação dos direitos humanos. “A Human Rights Watch documentou o uso de trabalho infantil em minas de ouro e diamantes no Gana, Mali, Nigéria, Filipinas, Tanzânia e Zimbábue. Outras investigações independentes documentaram trabalho infantil em minas de ouro no Burkina Faso, Uganda, República Democrática do Congo e Indonésia”, explica a organização.

Na mesma investigação, a HRW aponta para os esforços realizados por algumas empresas para contrariar a realidade instalada durante anos no setor.

Entre 13 empresas analisadas, nenhuma preencheu todos os critérios de responsabilidade, enquanto a Tiffany foi considerada como tendo “fortes preocupações”. Bulgari, Cartier, Pandora e Signet deram passos “moderados”. Já as responsabilidades da Boodles, a Chopard, a Christ e a Harry Winston são “fracas”.

A Tanishq foi a única identificado como não mostrando quaisquer preocupações com a situação. A falta de dados sobre a Kalyan, a Rolex e a TBZ Ltd. impediram que estas fossem avaliadas.

“Apesar de estes serem sinais promissores, concluímos que a maioria das empresas ainda falham em cumprir os standards internacionais”, escreveu a organização. “Enquanto algumas empresas estão a trabalhar ativamente para identificar e abordar os riscos para os direitos humanos nas suas cadeias de oferta, outros confiam simplesmente que os fornecedores de ouro e diamantes estão livres de abusos aos direitos humanos, sem verificarem rigorosamente essas alegações”.

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