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Dívida, produtividade e desigualdade: os desafios que Bruxelas vê para Portugal

A Comissão Europeia elogiou a retoma da economia, mas alertou para alguns desafios cruciais que o país terá que ultrapassar para diminuir os riscos de uma desaceleração caso o ambiente externo se altere.
7 Março 2018, 12h00

“A economia portuguesa tem continuado a recuperar tanto em termos de crescimento como de emprego,” salienta a Comissão Europeia, no Country Report do Pacote de Inverno do Semestre Europeu esta quarta-feira.

Adiantou que a atividade económica tem acelerado e se tornado mais abrangente, com o investimento e as exportações a crescerem. Sublinhou que o emprego cresceu de forma mais rápida que o Produto Interno Bruto.

“Os desequilíbrios estão a recuar, no contexto de um condições macroeconómica e financeira favoráveirs, mas a dívida pública e privada e a posição negativa líquida externa permanece elevada”, afirmou, no entanto, salientando os desafios na produtividade do trabalho, a ainda elevada desigualdade nos rendimentos e na segmentação do mercado laboral e ainda o baixo nível de investimento.

“Responder a estes desafios reduziria o risco de uma desaceleração, caso o ambiente externo e as condições financeiras passem a oferecer menos suporte”, frisou a Comissão.

O relatório recorda que a recperação da economia está mais forte, com o crescimento de 2,7% no ano passado a ser impulsionado pela aceleração do investimento e das exportações, enquanto o consumo privado a permanecer uma contribuição importante mas que é prevista desacelerar ligeiramente no médio prazo.

Bruxelas prevê que a expansão do PIB desacelere para 2,2% em 2018 e 1,9% em 2019, com os efeitos positivos a diluírem-se e à medida que o output atinja o potencial.

Portugal está entre os países que vão deixar de ser monitorizados de perto devido aos desequilíbrios macroeconómicos excessivos pela Comissão Europeia, segundo anunciou esta quarta-feira o vice-presidente da instituição, aa apresentação do Pacote de Inverno.

O Country Report salienta que Portugal fez alguns progressos para responder à recomendação da Comissão. Na área das finanças públicas houve “progresso limitado” na melhoria da sustentabilidade financeira da empresas públicas, enquanto no sistema de pensões viu algum progresso. Também nas medidas para promover a contratação de trabalhadores por tempo indefinido e nos esforço de reduzir o desemprego de longo prazo o resultado foi limitado.

Sublinhou ainda que “os aumentos do salário mínimo não têm afetado a criação de emprego”.

“No setor financeiro houve algum progresso na implementação de uma estratégia para reduzir o crédito mal parado e melhorar o acesso ao capital”, acrescentou. “Observámos progresso limitado na redução da carga administrativa e na diminuição de barreiras na construção e nos serviços empresariais”.

Entre as principais conclusões do in-depth review à economia do país, Bruxelas realça algumas positivas: a posição externa tem melhorado devido ao superavit da conta corrente e do crescimento nominal, a dívida pública começou a cair e a consolidação orçamental deverá prolongar essa descida, enquanto  o endividamento privado está a descer a um ritmo apropriado.

Do lado negativo, a Comissão sublinhou que o aumento da produtividade do trabalho permanece lento “limitando a capacidade de convergência com a média da UE”. Ainda sobre o mercado de trabalho, explicou que apesar de um aumento na contratação permanente, a proporção de trabalhadores em contratos temporários é elevada.

[Notícia atualizada às 12h36]

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