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Dois comícios à mesma hora em cidades diferentes? Candidato francês quis provar que é possível

O candidato mais à esquerda nas corrida às eleições presidenciais, Jean-Luc Mélenchon, quis inovar com a aplicação das novas tecnologias na corrida às presidenciais. Não foi o primeiro político a nível mundial a fazê-lo e, no caso da Índia, levou mesmo a uma esmagadora vitória.
  • Emmanuel Foudrot/Reuters
6 Fevereiro 2017, 16h22

Mais de 450 quilómetros separam Lyon, no sudeste da França, e Paris, no interior norte do país. Mas nem a distância física nem a condicionante temporal foram capazes de fazer frente ao candidato do partido mais à esquerda nas presidenciais francesas. Jean-Luc Mélenchon querendo importar um carácter inovador para a sua campanha, agendou dois comícios para a mesma hora em sítios diferentes: a um compareceu em carne e osso, no outro “esteve” através da projeção de um holograma em 3D.

“Onde é que eu estou? Estou em Lyon… e agora em Paris”, foram as palavras de Mélenchon a abrir os dois comícios realizados este domingo. Como se de um truque de magia se tratasse Jean-Luc Mélenchon falou em pessoa para cerca de 12 mil apoiantes em Lyon, ao mesmo tempo que o seu “duplicado” era aplaudido em Paris, por outras 6 mil pessoas.

Jean-Luc Mélenchon é um apaixonado por tecnologias confesso e terá aproveitado a entrada em cena do holograma para dirigir uma mensagem política à candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, que à mesma hora apresentava 144 medidas para pôr em prática caso saia vencedora das presidenciais.

“É uma ocasião para descobrir o que todo mundo sabe: que quando o espírito humano inventa e quando não há obstáculos de cor da pele, religião ou género, a imaginação desenvolve-se e o conhecimento é partilhado”, afirmou Jean-Luc Mélenchon.

A solução da campanha do candidato de esquerda marca a aplicação das novas tecnologias na corrida às presidenciais, cuja primeira volta tem data prevista para 23 de abril. A imagem foi transmitida por satélite, apenas com uma diferença de dois segundos, tendo um custo avaliado entre 30 mil a 40 mil euros.

Segundo a agência Reuters, esta não é a primeira vez que os hologramas são usados por políticos para difundir as suas mensagens. Em 2014, o atual presidente turco e então primeiro-ministro Tayyip Erdogan não podendo comparecer a um evento, “mandou” um holograma na sua vez. Também o atual primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, incluiu hologramas na sua campanha eleitoral para fazer discursos junto de aldeias de todo o país, o que lhe permitiu derrotar a oposição.

Contudo, de acordo com as sondagens, a possibilidade de Jean-Luc Mélenchon passar à segunda volta é muito remota. O candidato oficial dos socialistas, Benoît Hamon, reune entre 16% e 17% dos votos, enquanto Jean-Luc Mélenchon fica entre uns meros 11% e os 11,5%. Na dianteira da corrida ao Palácio do Eliseu continua Marine Le Pen (25% das intenções de voto), seguida do centrista Emmanuel Macron (21%) e do candidato de direita François Fillon (20%).

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