O dólar voltou a desvalorizar esta semana e atingiu o seu nível mais baixo face ao euro desde a primavera de 2018, com cada euro a valer mais de 1,22 dólares. Este ano, que foi particularmente volátil no primeiro semestre devido às reações do mercado à pandemia, o Eur/Usd acumula um ganho de quase 9%. A opinião dos analistas é praticamente consensual na previsão de que o dólar irá enfraquecer mais em 2021.

Um dos efeitos da pandemia foi a queda dos juros do dólar para perto de 0%. A moeda estado-unidense gozava tradicionalmente de um juro mais alto do que o do euro, vantagem que se desvaneceu. Mas a principal razão para o dólar ter desvalorizado (e poder vir a enfraquecer mais) está no otimismo que os mercados expressam para a economia mundial em 2021. O dólar é uma moeda “refúgio”, que tende a valorizar quando o mercado sente receio – como sucedeu em março – mas que perde terreno quando a aversão ao risco é baixa.

O apetite pelo risco tem sido evidente nos últimos meses, apoiado nas medidas de política monetária e fiscal implementadas para fazer face à recessão, mas também na expectativa de normalização da atividade que decorrerá da aplicação generalizada das vacinas. Analisando os últimos 20 anos, há evidência da existência de correlação entre a subida das bolsas e a queda do dólar. A aparente maior coesão europeia, ilustrada pela recente emissão de dívida em conjunto, também em ajudado à força do euro.

Naturalmente, as perspetivas de um dólar fraco podem não se concretizar, caso estas premissas falhem. Se a recuperação económica não chegar à Europa ou as bolsas voltarem a cair, o dólar forçará os analistas a mudar de opinião.