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Dona da ANA com quebras de 40% no tráfego dos aeroportos nas primeiras três semanas de março

No final de fevereiro, o declínio nos aeroportos da Vinci permanecia limitado (-1,4%), mas o número de passageiros recuou de forma assinalável em março, com um recuo estimado de 40% nas primeiras três semanas do mês. Essa quebra agravou-se nos últimos dias e é uma das explicações para as medidas que a ANA vai adoptar em relação aos seus trabalhadores.
1 Abril 2020, 13h32

Os aeroportos da Vinci Airports, incluíndo os dez que em Portugal são geridos pela ANA, registaram uma quebra de de 40% nas primeiras três semanas de março face ao período homólogo de 2019, como resultado do impacto do surto do coronavírus a nível global.

“Até 20 de fevereiro, o número de passageiros nos aeroportos geridos pela Vinci Airports encontravam-se estáveis face a 2019, apesar da queda significativa do tráfego na Ásia. No final de fevereiro, o declínio permanecia limitado (-1,4%), mas o número de passageiros recuou de forma assinalável em março, com um recuo estimado de 40% nas primeiras três semanas do mês. Essa quebra agravou-se nos últimos dias na sequência das medidas de confinamento e outras decisões tomadas por alguns países para fechar as suas fronteiras”, revela um comunicado da Vinci Airports da semana passada (datado de 23 de março).

O mesmo documento assinala que a Vinci Airports tinha já “em implementação um plano para reduzir os custos operacionais e adiar investimentos pelos vários aeroportos em conformidade com as decisões governamentais e com as obrigações contratuais e aeronáuticas”.

A Vinci Airports não disponibilizou dados específicos sobre o tráfego nos aeroportos nacionais, apesar de o Jornal Económico ter tentado, sem sucesso, obter elementos e esclarecimentos junto da ANA – Aeroportos de Portugal.

Neste comunicado, disponível no ‘site’ oficial da Vinci Airports, o grupo reporta também a quebra de tráfego já verificadas nas diversas concessionárias de autoestradas que controla, principalmente em França. Recorde-se que a Vinci detém uma participação na Lusoponte.

A Vinci destaca ainda que “adoptou procedimentos de trabalho remoto para os colaboradores da equipa que não precisam de estar no local de trabalho, em particular nos escritórios da sede em França e num conjunto de outros países”.

“Muitas das empresas do grupo encontram-se em discussão com as autoridades competentes para adoptar medias que permitam a atividade parcial dos negócios”, revela o referido comunicado, acrescentando que, “em termos globais, o grupo espera uma quebra de receitas pronunciada, mas limitada no tempo”.

Recorde-se que ontem dia 31 de março, à noite, foi conhecido o plano da ANA para fazer face ao impacto da Covid-19, e que passa por propor aos seus trabalhadores licenças sem vencimento, a redução temporária de 20% do período de trabalho durante três meses, o gozo antecipado de férias relativas a 2020, o corte de 20% nos salários da Comissão Executiva da empresa, a suspensão da atribuição de prémios durante a crise, a suspensão da revisão da tabela salarial e a suspensão da atualização do subsídio de refeição até ao final do ano.

“Nas suas diversas linhas de negócio, o grupo está a tomar medidas para ajustar a despesa e rever a calendarização de investimentos”, avança o referido comunicado da Vinci Airports, embora destaque que “pretende estar bem posicionado para recuperar rapidamente, quer na construção, quer nas concessões, assim que a crise sanitária estiver sob controlo”.

A Vinci recorda que no final de fevereiro o grupo reportava uma carteira de encomendas que constituía recorde histórico, num total de 37,9 mil milhões de euros, um aumento de 8% face aos 12 meses precedentes.

“O grupo dispõe de uma grande quantidade de liquidez, com uma disponibilidade de ‘cash’ líquido de 6,5 mil milhões de euros no final de fevereiro (incluindo 4,2 mil milhões de euros geridos centralmente). Adicionalmente, a Vinci SA confirmou uma nova linha de crédito no valor de oito mil milhões de euros que não deverá expirar até novembro de 2024, que não está a ser usada atualmente e que não está sujeita a responsabilidades associadas”, adianta o comunicado da Vinci Airports.

O grupo que controla a ANA garante que novos desenvolvimentos sobre a situação serão fornecidos na próxima assembleia geral do Grupo Vinci, que está agendada para 9 de abril próximo.

“Nesta fase, tendo em conta a incerteza sobre a duração e a escala da crise sanitária, não é possível quantificar o seu impacto nas informações financeiras do grupo”, reconhecem os responsáveis da Vinci Airports, acrescentando que, “mesmo assim, parece que a Vinci não será capaz de atingir a sua meta, anunciada em fevereiro, de obter crescimentos nas receitas e nos lucros em 2020”.

Apesar das perpsetivas de recuperação após a crise, a Vinci admite que “a pandemia da Covid-19 está a ter um impacto significativo na atividade da Vinci”.

 

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